quinta-feira, 9 de março de 2017

A grant chant

Os aldeões a chamam de princesa confinada. Os mestres, de beleza desordeira. Para o bardo que vos fala, minha égide. Meu grão de pó de estrelas. Minha fada de terno esplendor. Presa em sua gelada torre de pedra, cantando tal como os rouxinóis nas manhãs de primavera. Não mais liberta para caminhar entre o povo, desde um desvio indelicado. Uma tentativa frustrada de amar a um plebeu apaixonado. Trazida de volta, aprisionada, intocável. Teu quarto é teu universo e minha privação desolada.


Quanto a mim, o pobre enamorado, resta o alaúde e a distância entre o muro e ti. Igualmente preso, sigo a cantar.  Declarando-me ainda por ti fascinado, dia-a-dia compondo canção a canção à minha musa do sorriso iluminado.  Sobre as flores que desabrocham e secam e os verões que se findam, dedilhando até que a força deixe meus dedos. Cantando até que a minha voz e melodias sejam suas, até que meus olhos repousem sobre os seus. Uma vez mais. 



terça-feira, 28 de fevereiro de 2017

Aos pés de Moxuara

As vozes da floresta chamam
Por um canto lamurioso que nos narra
Pelos umbrais do passado percorridos
Das matas desbravadas e índios abatidos
Vidas perdidas em busca de lar a conquistar

Assoviando vens a esta terra chamando
Em tuas vestes brancas uma historia nos contar
Do nosso lar, nossas lendas a nos relembrar
De como um frade uma guerra parou
Ao mover uma rocha, na qual para sempre se sentou

Vens a cantarolar sobre os incêndios findados
Daquelas que pelas folhas a rastejar, o verde protegia
Cobras que ao fogo enfrentavam até apagar
Daqueles que pela escravidão não podiam celebrar
E suas faces com palha de bananeira tinham que ocultar

A luz do dia surge e já os sinto desvanecer
Só resta ao meu pássaro de fogo voar
E nas tuas mensagens entre o sol a me contar
Sobre um amor proibido e verdadeiro enfeitiçado
Sem toque ou fala, sob pedra confinados

Nesta canção de seres encantados
do pretérito momento de um povo a recobrar,
Eu como poeta, neste verso me revelo
Como Filha de Cariacica e dessa fonte me inspiro
na beleza dos contos, dessa terra de lutas sem par.




"Participei em 2016 com este poema do 4º Concurso estadual Semente Literária -  João Bananeira, sendo uma das 95 selecionadas ao final, sendo publicada ao final no livro de mesmo nome do concurso. Foi uma experiencia muito bacana, porque nunca havia escrito nada sobre a cidade em que nasci e cresci, o que me levou a pesquisar e ler um pouco sobre mais sobre as lendas e folclore daqui: suas criaturas fantásticas e sobre lugares cheios de magia e histórias.."




terça-feira, 7 de fevereiro de 2017

Distintos, mas nunca separados




"Lobo: Ovelha, conte uma história
Ovelha: Houve outrora, um homem pálido com cabelos negros que estava muito sozinho
Lobo: Por que estava sozinho?
Ovelha: Tudo que existe, precisava encontrar esse homem, então, afastaram-se dele.
Lobo: Ele persseguiu tudo?
Ovelha: Ele dividiu-se em dois com um machado… bem ao meio.
Lobo: Para que ele sempre tivesse um amigo?
Ovelha: Para que ele sempre… tivesse um amigo."









Quando um jogo formula na história de um personagem uma poesia tão límpida, capaz de cativar e ficar sob minha pele. Não são versos meus, mas trechos da construção narrativa de um herói de mundos irreais tão sutil e e cheio de profundidade, capaz de arrastar para dentro de seus diálogos pessoais: a ovelha e o lobo. 




"Kindred é o abraço branco do nada e o ranger de dentes no escuro. A caça e o caçador. O poeta e o primitivo; eles são um e são ambos"






segunda-feira, 6 de fevereiro de 2017

Nessa data que chegamos

Cada dia a qual você se levanta e consegue cumprir algo que planejou você obtêm uma pequena vitória. Mais um dia de aulas vencidos, mais um turno no trabalho finalizado, mais um capítulo daquele livro que esta adorando lido. Entender a relevância dessa máxima não foi algo em um estalar de dedos: foi algo que construí na minha mente ao longo de 27 anos nesse mundo maluquinho em que vivemos.

Não tenho casa própria. Não sou casada, muito menos uma cozinheira perfeita. Nunca ganhei grandes salários. Não consegui passar nos últimos concursos que fiz. Ainda não cheguei ao mestrado, mesmo que isso seja um objetivo. Mas me sinto plenamente realizada, o que alcancei até agora. 

Hoje é meu aniversário e apesar da guerra civil lá fora. Apesar de eu estar quase sem grana no momento e provavelmente não receber nenhum presente hoje. Eu estou feliz. 

Sou Idayana Maria Borchardt Leite. Pedagoga, estudante de música, escritora, filha do Antonio e da Teresinha, irmã do Wilhans, Jaqueline e Breno. Quase na minha terceira década de vida. Ainda viva. E ainda cheia de sonhos e planos. 


Feliz Niver pra mim XD










terça-feira, 17 de janeiro de 2017



Hoje venho até vocês trazer novidades: Esta a versão final da capa do meu livro de poesias "O Som das Estrelas Caídas" que será lançado em março de 2017. Esta é uma grande conquista para mim e este livro trará uma compilação de alguns dos textos que já publiquei aqui no blog desde o seu inicio em 2015. 

Em breve divulgarei mais informações sobre os eventos que farei para o lançamento ;)

Kisses
Ida, a Peregrina




segunda-feira, 9 de janeiro de 2017

Versos a beira de Yggdrasil: Haakon e Niels

Era uma vez uma criança nascida na paz e outra, filha da guerra
Dois irmãos, filhos de mães distintas, confinados em reinos a parte
Um fruto de Midgard, o outro de Álfheim
Um que possuía a afeição dos Landvaettir, sendo protegido pelo gigante Bergrisi, das terras do Sul
guerreiro, príncipe da fúria e futuro rei
O outro, da beleza mais estonteante que o próprio sol, bastião da pura poesia e sabedoria entre todo o povo Ljósálfar. Um elfo e um humano atados a um futuro inconclusivo, onde um pai desconhecido mostra-se um deus e os conduz por entre mundos e  reinos
entre dragões e feitiços, lobos e canções 
Era uma vez dois meninos que tornaram-se homens e estão destinados a se encontrar..
quando e onde, é que ainda não podemos declamar




segunda-feira, 12 de setembro de 2016

Sobre momentos e estancias


Nesse final de semana fui questionada por não estar "saindo" com meus amigos e que isso era algo "triste". E tal contexto me remeteu a outros momentos ao longo dos meus breves 26 anos de vida em que fui questionada por "sumiços" de certas rotinas. O que muitas vezes as pessoas que realizam tais perguntas não consideram é que elas só vem recortes de cenas as quais são compartilhadas com elas. 

O fato de eu não estar indo para festas e bares nos finais de semana, não significa que eu não tenho momentos valiosos com meus amigos nos meus ensaios, na faculdade ou nas vezes que fui me apresentar. E mesmo que as pessoas vinculem necessariamente felicidade a farra, chega momentos do seu cotidiana que é maior felicidade que você pode alcançar é ter mais de 6 horas de sono continuas e algo gostoso pra comer depois de uma semana pesada. 

A questão principal é: há várias formas de curtir a vida e os amigos e nem sempre elas estão presas a o que você pensa que o seja divertido. E mesmo quando essa pessoa me diz que tenho ficado muito em casa, não se recorda que a poucas semanas estive em um maravilhoso espetáculo de dança, ensaio todos os finais de semana com um bando de doidos fantásticos que são a minha banda e tenho me aventurado em uma nova arte que é a dança, a qual estou me apaixonando.


Talvez se essa pessoa tivesse mais atenção aos detalhes, ela notaria isso. 
Estar consigo mesmo não é algum ruim, ou estar mais tempo com você também não.
Só não diminua ou superficialize os caminhos que eu tenho traçado para chegar a certas metas..
ao fazer isso, você me inferioriza também..