que me guia
uma inquietação persistente
que me instiga
uma chama vívida que queima
uma água que se move, límpida
e grita,
grita porque se sente presa
grita porque se sente arisca
grita,
porque gritar te faz pulsar
o coração volta a bater
a frustração deixa o peito
a voz retorna, reforça
rebeldia viva
não tenho vocação para ser prego
para ser martelado
e desaparecer no cedro
me tornar parte da mobília
ou engrenagem na máquina da vida
sou rocha, pedra firme
que no alto me torno montanha
reverbero o eco,
da solidez fortifico minha ânsia
de ser lapidada sim, pelas circunstancias
mas de ser mais que só uma parte
ser um todo, forte
ser um ser que grita
um ser que move o universo ao ser redor
às vezes sem nem precisar sair do lugar
às vezes, simplesmente, só por incomodar