domingo, 28 de outubro de 2018

Veras que uma professora não foge a luta

Essa postagem é feita de fragmentos que li ao longo da noite em meu facebook
com minhas próprias reflexões
e é em partes, meu manifesto com a ascensão de um fascista ao poder


Estou com medo 
muito medo
temo pela noite que cai hoje
pelo amanhecer e passar dos dias 
Mas não estou sozinha
me vi na garota carregando um livro 
indo votar hoje na rua
na mulher que eu sei que é professora
que me cumprimentou na fila 
ao ver meu próprio protesto
na camisa escrita "educadora"
no adesivo e no livro que eu portava
vi em cada postagem de esperança
antes e depois da nossa "derrota"
me vi nas mensagens de apoio
nos textos e nas musicas 
eu me vi na resistência
e tenho orgulho das pessoas
nas "trincheiras" ao meu lado
Hoje um pedaço de mim morreu 
um pedaço da minha nação se perdeu
Você que está lendo isso agora
pode não sentir o mesmo
mas as pessoas que eu mais amo
estão com medo 
eu estou com medo 
mas estamos juntos
e somos MUITOS
hoje foi escrito
em lágrimas e no sangue que já caiu
em nome desse candidato 
que só o ódio semeia
ninguém soltara a mão de ninguém
juntos, resistiremos a tempestade







terça-feira, 23 de outubro de 2018

Meu próprio muro

Hoje eu fiz uma prece ao universo, implorando para não colocar ninguém em meu caminho.
Estou cansada de brincarem com meus sentimentos, não se importarem com minhas dores
Estou ferida. Todos partem e no final, fico sozinha me sentindo largada. Sem valor.
Hoje eu chorei sozinha, de raiva, de magoa. E finalmente aprendi que devo construir um muro em mim. Uma barreira que impeça todos de se aproximar.
É chegada a hora de suturar esses cortes recém abertos e aprender de uma vez
que ninguém se importa em como me sinto
e que não vou deixar mais ninguém se aproximar
não tenho mais vontade de confiar
não tenho mais vontade de ninguém gostar
e mais do isso, tenho profunda raiva e frustração pelos sentimentos que eu alimentei
pelas pessoas que eu erroneamente deixei me tocarem, em corpo e alma
um babaca será sempre um babaca
antes, agora e no futuro.
e eu sou uma burra completa por achar que seria diferente, mesmo anos depois.

quinta-feira, 18 de outubro de 2018

Meu novo livro e uma nova poesia para vocês

Não tenho postado muitas coisas aqui além de poesias
Ponho a culpa na minha rotina cheia, que me ocupa corpo e mente totalmente
percebi que nesse vai e vem, não cheguei a fazer aqui uma postagem oficial sobre meu novo livro
então decidi tirar a noite de hoje para isso


No início do ano submeti um novo projeto na Lei de Incentivo a Cultura do meu município, Cariacica. Este projeto se chamava "No limiar da Aurora", meu novo livro de poesias.
Para minha grande alegria, fui aprovada e desde então, tenho trabalhado nas etapas de edição dessa obra.


Abaixo divulgo para vocês a capa desta minha nova viagem pela poesia e o poema título deste livro.




No limiar da Aurora

Sou uma nau em viagem
Atravessando um mar em revelia
Onde sinto ecoar ondas que quebram
Nos versos em que me banho em esmero
Por vezes as velas cessam
E à deriva a embarcação fica
Ou a tormenta enfim vibra
Me enlaçando em tempestade
Há os ventos que me arrastam
Me destroçam e arrasam
Mas há os que me erguem, inflam
Como um mastro que iça a uma vela
Dos mares revoltos a calmaria
Aos braços em meu entorno, me guia
Com lábios e risos a fazer companhia
Vivaz é a memória do que sentirás um dia
Daqui até o limiar da aurora
Para além da física calamidade
Aporto onde meus sonhos fazem morada
onde nasço com o sol e me ponho com as estrelas
Esses ventos que me levam
Que me carregam por esse caminho
São o sopro que me lança
Com o qual o destino, enfim, me alcança

Ida Borchardt


domingo, 7 de outubro de 2018

Minha resistência

Escolhi o giz e quadro negro
antes do pincel e lousa branca chegarem
escolhi a frente da turma
descobri que o dar aula 
ia além de um livro ou palavras soltas
tinha haver com escolhas
com o abraçar coisas
como o ministrar para o hoje 
sobre o ontem, agora e o amanhã


Eu escolhi sabendo dos percalços 
o trabalho extra em casa
a reflexão constante sobre minhas aulas
os livros empilhados no canto do quarto
o testar, pesquisar, recriar-se 
fazer errado, tentar, encontrar o certo
replicar, copiar, refazer, não parar
descobri a beleza do ensinar


Eu me vi, me transformando
questionando, mudando 
das piadas infames deixadas para trás
ao olhar crítico permanente
desde uma lauda a uma imagem
escolhi os olhos brilhando dos meus alunos
ao aprender algo novo, escolhi suas risadas
e mesmo ao ser enfrentada, mesmo cansada
continuo a escolher a sala de aula


Eu me vejo na resistência
como todo educador deve ser
não sou a provedora de luz
para aqueles que não tem 
me vejo como um farol a apontar
mares ainda a serem desbravados
transcrevo mapas de solos 
ainda por eles intocados
trago letras, poesia, música e versos 


E nesse caos contemporâneo
onde professores são massacrados 
como vagabundos rotulados 
me manifesto, me ergo e grito
eu existo, aqui permaneço
pois essa onda de ódio 
não irá me silenciar
escolhi a roda, o livro, a voz
ser da luta sempre 

Sou cor, arte, Paulo Freire
sou ritmo, congo, educação
pertenço as trincheiras 
das minorias sou escudo
sou parte, sou gente
sou canto, coro, canção
sou uma colcha de retalhos 
professora feita parte a parte
e assim, ficarei de pé, com meus irmãos