quinta-feira, 27 de dezembro de 2018

Procura-se

Procura-se desesperadamente 
alguém que me transcenda
que faça ir além do que sou agora
que me expanda ao comigo agir
que entenda a importância
de quando digo que algo é especial
e me deixe para trás
quando é seu bom dia e não o meu 


Não espero alguém que me dê mimos
apesar de todo mundo gostar
de ser cuidado de vez em quando
preciso de alguém presente
mesmo que não fisicamente 
Procura-se alguém
que que se importe
que se faça relevante
mesmo a distância, aqui e hoje


Procura-se desesperadamente
alguém que não tenha medo 
de se entregar, de falar, de vir
que se deixe levar pela vontades 
saia das dietas, mude uns compromissos
pegue um carro, um ônibus, uma brisa
qualquer coisa que te leve ao meu encontro
sem hesitação, sem medo, sem desculpas
alguém que queira estar aqui
e fale sobre e tente, pelo menos tente
demonstrar o que sente


Não escrevo poemas para seres surreais
falo de pessoas, gente que julgo normais
já pedi flores, pedi agoras
mas por hora, sim, desesperadamente
e sem demora 
só queria alguém que desejasse tanto
me tocar, me ver, comigo falar
que não esquecesse do celular
e que pudesse, mesmo diante da sua rotina
um tempinho para mim guardar


Procura-se desesperadamente
mais que um amor, um amigo, um namorado
quero um companheiro
quero um comparsa 
com quem possa travar planos mirabolantes
da dominação mundial 
à conquista do nosso almoço
trocar bom dias e boa noites
dormir exausto ao meu lado
acordar preguiçoso com meus gatos
e simplesmente, me amar


Até lá
só me resta procurar 
e escrever sobre 
esperar que eu mesma possa desabrochar
para quem sabe um dia 
mesmo essa busca que travo
encontre um alvo ou algo 
findando essa sensação
que não há nenhum porém
em quem sou 
que impeça outro alguém 
de também por mim procurar 









sábado, 15 de dezembro de 2018

O poder do abraço

Haverá dias em que só irá querer desaparecer
encontrar um buraco para se ocultar
um quarto fechado para se esconder
quando parece que ta tudo em descompasso
quando falta empatia ao responder


E de tropeço em tropeço
de grosseria em grosseria
silêncio em silêncio
você se fere, se entristece
como se o vento soprasse uma chama
tornando  de uma fagulha, um incêndio


Onde no meio das chamas,
tem uma só pessoa
que no final, já queimada
ardida das labaredas do dia ruim
da semana atropelada
só quer, só precisa
só anseia por um abraço

Só o envolver dos braços
ele pode apagar o calor que te chamusca
controlar a queimação que sobe pela garganta
impedir que as chamas ao redor
penetrem a pessoa e a carbonizem por dentro

Nesse dias, em que da vontade de sumir
e não se pode
em que dá vontade de chorar
mas não dá tempo
Dias que cansam a passar,

Nesse dias,
quando tudo estiver ruim para alguém
seja abraço e não vento
não sopre as coisas a esmo
não deixe o outro ao relento, sem par


Pois eventualmente, nesses dias
o fogo que deixou ferir outra pessoa
pode dela retornar
e até mesmo em você,
trepidar








domingo, 2 de dezembro de 2018

sobre medos, gavetas e listas

Em geral, trago poesias para vocês. 
Mas às vezes, só de vez em quando, gosto de usar esse espaço para pensar.
Porque sim, pensar eventualmente para mim, envolve a escrita
ela me faz canalizar as coisas na cabeça e por ordem onde ela falta..

Quando estou ansiosa ou tensa
eu arrumo gavetas: tiro tudo de uma e organizo, bem devagar
quando estou preocupada com algo
faço listas: coisas que preciso comprar, fazer, coisas que desejo...
Quando estou aflita, procuro alguém para conversar
por mensagem, pessoalmente, falar sobre, me acalma
e quando não consigo ninguém, converso com meu gato.. 
sim, é meio papo de doido, mas bato altos diálogos com ele rs

Mas o medo, esse é um caso complicado
bem esse é um sentimento ainda não "domado" por mim
o medo me afugenta, imobiliza, me deteriora 
e o pior, a preocupação, a aflição, a ansiedade, que em geral eu consigo lidar
quando são trazidas pelo medo, se tornam mais fortes
mais "brutais" para mim. 
Eu tenho medo de falhar. Tenho medo de ser odiada. Tenho medo de perder as pessoas que amo
Tenho um medo absurdo de trovões, tenho medo de estar sozinha em hospitais 
Tenho medo de não ser suficiente. Tenho medo constante das pessoas estarem me ridicularizando pelas costas. Tenho medo dos pesadelos que tenho (quando alguns deles se tornam "realidade" em poucos anos/meses de distancia, vc descobre que sonhos podem ser assustadores no mundo real tb)
Tenho medo de nunca ser amada por ser quem sou. 


Sei que parte desses "medos" são ligados a minha autoestima que é uma desgraça
Sei que parte desses "medos" são relacionados ao fato que minha mente é fraca, 
que sou defeituosa e preciso de "acertos" 
Sei que parte desses "medos" batem de frente com gatilhos emocionais 
que to a anos tentando encontrar uma forma de lidar 
Mas sei que não posso mais fingir que esses medos estão dentro de mim, 
ferrando meu dia volta e meia

Hoje, senti um desses medos
veio disfarçado de raiva, de conflito sem solução
veio disfarçado daquela sensação de "mãos atadas" 
sobre o que não se ter o que fazer sobre algo
veio no rompante, depois ficou ecoando aqui dentro
por isso, por hora, por hoje
eu escrevo. 

sei que as listas, gavetas, conversas não vão ser de utilidade hoje
e o chocolate pra TPM ja acabou
vou por um filme, e tentar abrandar a mente
os mares podem ser tortuosos
mas ainda comando essa nau que chamo de alma
só preciso por essas velas no lugar
e traçar um curso, qualquer porto serve na real
porque o importante, é chegar lá
mesmo ainda não tendo ideia de onde é o tal "x" do mapa