terça-feira, 19 de dezembro de 2017

Quando eu te incomodo

Por que te incomodas tanto
se minha barriga não é chapada?
ou se sou tão alta ou magra?
se sou despojada ou refinada? 

Por que te incomodas se tinjo 
meus cabelos de vermelho
ou se os deixo crespos
armados, lisos ou repicados?

Se minha pele tem rugas ou gravuras?
ou se pinto meus lábios de carmim ou não?
se escolho sair de short ou vestido 
te irrita saber que sou que nesse corpo vivo?

Se tenho alguns pares de furos na orelha
ou nenhum, talvez mais tarde, ou nunca
no que isso muda a minha alma, quando a relaciona
a se escolho um decote e assim, julga minha "laia"

Por que a cerveja em minha mão
incomoda mais que a minha aflição?
Quando a delicadeza das minhas unhas se tornou
mais relevante que o sorriso em minha face?

Por que te irritas se digo com veemencia
que não desejo um filho nem hoje, nem amanhã
ou se o desejo, mesmo que venha como mãe solo o criar
se danço ou não, qual a razão da sua exasperação; 

Eu só gostaria mesmo de saber
em que passagem dessa nossa maré diária
minha classe passou a ser julgada 
pelo comprimento da minha saia 

Afinal, por que te incomodas tanto
se eu questiono quando me julgas
quando assim o fazes todo o tempo
fazendo-me sentir só mais um produto em exposição

No fundo, só gostaríamos de poder dizer a cada menina
um dia, só por um dia: "não temas", "não chores e só viva"
contudo ainda estamos em uma eterna peleja contra essa
sociedade, que insistem em nos colocar em uma bandeja.










quinta-feira, 14 de dezembro de 2017

As estrelas que me ouvem...

Sou um rascunho inacabado
de uma poesia rasa que me concebeu
emersa em danças de alegria
e estantes cheias de avaria, 
entre as quais meu eu cresceu
tantas vezes com medo adormecer
abraçando um ursinho ao orar baixinho
temendo o que poderia vir a ocorrer
sem saber como contar que doía

Deixando-se perder por dias, 
em histórias de luz e esperança
que nas páginas amareladas
eu pudesse cruzar a todos os mares  
transpondo o labirinto dos ventos
vencendo a todos os elementos 
com uma espada erguida nas mãos
e dormir enfim, em paz
sob as asas de um antigo dragão 

Dos meus desejos de infância
pouco resta a trazer a a realidade
pois descobri que a pequena leitora
em mim transformou-se em algo a mais
uma jovem sonhadora que vagarosamente
rescreve suas outroras tristes memórias
e aos poucos vai conquistando um laço
consigo mesmo, entre o agora e o sem fim
um espaço entre as estrelas e o além

Onde posso tudo esperar 
sem mais medo e frio a espreitar
onde eu sou suficiente, mesmo assim
mesmo que defeituosa e partida, que eu vá
entre um planeta, um menino e sua rosa
e uma constelação de canções de ninar
meu tear de poesia segue a criar 
minha tapeçaria de pequenos feitos 
que entalho no universo a me rodear 





sábado, 9 de dezembro de 2017

Dagaz

Verte esperanças na luz que retorna
a cada amanhecer 
a cada transformar-se em um novo ser
atada ao solstício que a de preceder
com grande luminosidade
o progresso da escuridão 
que não a tarda a te envolver


Despertada em tantos constastes
é chegada a hora de antever
que a mudança virá para ti 
mesmo sem querer 
equilibrando-se o assim
nas asas de uma borboleta
o verão após o casulo a crescer


Não temas o frio e o silêncio
ou os passos aos quais se deve ater
se enfim, desejas crescer
pois as estações vem e vão 
e nesse ciclo que em mim transcrevo
bordados em realidades que vejo
Dagaz me acompanha tal como meu sol
e também minha lua. 



quarta-feira, 6 de dezembro de 2017

Toda parte vivaz em mim


A imagem pode conter: 1 pessoa, em pé


Pois o vermelho, é puro e direto
o branco translucido, sincero
Nessas cores que vejo e quero
menos do negro me embebedo
E do carmim ao jasmim
Encontro outras de mim
Sempre versões com as quais
possa um pouco sorrir



Mi Manchi



Se eu disser que não sinto saudades 
estarei mentindo
ou tentando me enganar?
Se eu disser que já não me importo 
quando passa e não me olha
ou mais ainda quando preciso me acostumar
a notícias suas não mais ganhar


Se eu disser que seu abraço não faz falta
ou que teu beijo e cheiro ainda não voltam
à minha memória sorrateiramente
quão salsa eu soaria a mim mesma
e a realidade que me rodeia?
Se eu disser que não espero que volte
mesmo quando afirmasse tanto que não o faria


O que sei é que se dependesse só de sanidade
eu já teria passado tudo a limpo
rasgando todos esses rascunhos do meu espirito 
para nada sentir com tua proximidade ou não
para não mais tingir em vão colorido
as lágrimas manchadas de maquiagem 
que insistem em fluir 




A imagem pode conter: nuvem, céu, árvore e atividades ao ar livre

domingo, 3 de dezembro de 2017

Que este não seja meu último poema

Que este não seja meu último poema
pois o coração anda cansado
mas ainda pulsa 
pois a respiração por vezes ofega
 não da forma sensual que se espera
ela falha, aceleradamente me escapa 
porque a vontade de fazer rima
rema contra a maré de ansiedade
brota pelos dedos, rumo a ponta do lápis
e dentro da fumaça que verte pelo quarto
do incenso fumegante a vela que arde
afinal é o que dizem dos que escrevem
que o fio que nos mantém na sanidade
é fino e feito de tinta ou grafite
medindo-se em milímetros e palavras 
aforismos que muito de nós guarda
então eu clamo, em breves linhas 
como prece que disfarço de poesia aqui
Que este não seja seu único poema 
que está ai agora a esboçar enquanto ri
ou quando choras escondido, sozinho
quando acha que não a razão para se abrir
que este não seja nosso único poema
quando eu estou a ponto de cair
e só você me segura e confronta
mandando enxugar as lágrimas e prosseguir
Que este seja só o primeiro poema
de tantos outros que nós 
haveremos de juntos construir 
já que de fato se leu cada verso até aqui
uma parte de mim, já vive por ai 
dentro de ti. 


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domingo, 26 de novembro de 2017

Corpo

Minha pele é minha tela
Minhas formas, meu contorno
Relevo de quem sou,
parte que movo, não só um dorso
parte em que vivo 
por onde respiro e grito.

Meu corpo é meu santuário
mas também meu sarcófago
meu casulo e asas em um só
meu corpo é mais que um templo
és parte ínfima de um todo 
no que tange meu íntimo

Das pontas ressecadas do cabelo
já sem tanto brilho
as leves marcas escavadas na face
quando rio 
meu corpo que guarda meu espírito 
os sonhos que estimo 

Meu corpo que reverencio 
onde a memória tal como labirinto 
esculpida em mim entre atritos e risos
entrelaçando cicatrizes e furos
tatuagens e mundos 
sob as sardas e marcas que o dia-a-dia traça 


Minhas pernas que me sustentam 
que me erguem e a todo lugar levam 
meus braços que se entregam e carregam
meu corpo que sente, desde o ventre
que inflama-se com um beijo
extasia-se em pleno desejo 


Meu corpo  que sangra
que dança, que clama
da boca que devora e canta
a voz outrora renegada, que agora ama
meu corpo que vibra em sinergia com a vida
meu corpo e só 




Melancolia

Não me lembro mais quando foi a última vez
A última vez em que pude contar com alguém
que pude desabar e saber que alguém estaria por perto
que pude me sentir fraco e não me fingir de forte 
Não me lembro mais quando tive medo e alguém me acolheu
Quando chorei e alguém me aconchegou
quando precisei e fui atendida 
As vezes parece que sempre fui triste 
que sempre estive sozinha 
e toda memória feliz em mim não passa de engano
As vezes não me lembro, porque ainda penso que ha algo a lembrar






A valsa de fim de ano

As vezes eu quero que o ano acabe logo
Findem-se os dias
Os prazos, as horas
Como se no final desses 365 dias corridos
Eu possa logo encontrar algo
Pensando no que essa outra alvorada
Possa para mim alguma coisa revelar
O que não penso nessa situaçao
É que ao passar dos dias que faltam
Ao finalizar dos compromissos e causas
Que eu venham a desabar
Cansada da jornada
E mais nada
Entao so me resta um pouco de solidão
Mesclada com vontade e ambiçao
Que antes do estourar de fogos
Da enfim passagem daqui para la
Possa pelo menos embaixo das luzes do natal, descansar





domingo, 12 de novembro de 2017

A garota do sabado

Quero ser a garota do sábado
não a guria que você procura a esmo
quando te bate a vontade e esta a toa
quando encaixa na tua liberdade 
Percebo que é um hábito a vocês
distinguir quem chamas e quando o faz
mas sempre determinando 
que o sábado é um tipo de dia sagrado
e para a sua farra de bom grado
há exceções para quem tem do seu lado
É fácil fazer contato em meio ao limbo
da semana arrastada, do dia chato
quando se encontra entediado
e por acaso lembras de alguém 
com quem conversas e gostas de rir
eventualmente a quer para si 
contudo, não no sábado, jamais
esse é o dia para estar com outras 
ou simplesmente, para estar só consigo
e ninguém mais. 
Afinal, é sua farra, o ápice ta tua lábia
Nessa hora que percebemos 
que enquanto deixemos isso acontecer
sempre sentir, sem falar, sem se deixar gostar
vemos o quanto é chato,
meu sábado com você não poder compartilhar
e assim ter que nos acostumar, nos podar 
só com alguns momentos que escolhe
Conforma-se a poucas interações e sensações
porque de fato não há qualquer emoção
não há sentimento nessa relação
talvez seja hora de encerrar essa questão
pois se sinto que não se entrega
que não me leva em qualquer situação
não há porque só ser alimento pro teu ego
ser um mero entretenimento para ti
pelo menos agora eu entendo
que quem não está por inteiro
é porque na verdade não está em parte alguma
e eventualmente será como pássaro solto
me vendo com uma jaula e não ninho
indo e não retonando
deixando me para trás



domingo, 29 de outubro de 2017

Uzume e Hathor

Danças com o espírito mais que com teu corpo
danças com a esperança que está alguém a alcançar
danças com a leveza do linho e da seda
e a temperança de ser espinho e destreza
na meia ponta que ascende e sustenta
enquanto estão a bailar
amantes das danças e andanças
filhas de sóis, luas e estrelas
aqui representadas nessas breve linhas
como parte deusas e parte minhas 
vestidas do tecido mais sofisticado, a alegria
adornadas de contas translúcidas de contraste
energizadas em melodia e poesia
vívidas e lindas, amantes de dança 
triunfantes senhoritas que causam meu riso
e mesmo ante todo o frio, aquecem um ninho
com a gentileza que sempre estão a me dar. 




quarta-feira, 25 de outubro de 2017

Inspiração

No topo daquela fria montanha
Pode se ouvir o lamurio do vento
Entoando uma antiga canção
Trazendo uma voz perdida
Entorpecida em obscuras melodias
Uma dama oculta em negras vestes
Que conduz a luz e trevas entre preces
Enfeitiçando ao poetizar
Uma dama de alma entrelaçada
De júbilo e batalhas
Um espirito que canta
E desperta naqueles que a escutam
A vontade de cantar



dedicada a cantora e minha inspiração,  Fernanda Freitas Miranda

Hammer Herz

Meus dedos tocam o arco 
o posicionando docemente sobre as cordas
meus dedos tocam o espelho negro
buscando o som harmonioso das notas
então desço o arco e movo
marcando e ligando, tocando 
porém o som treme e oscila
com os batimentos fortes no peito
 e essa respiração acelerada inflige
novamente angustiada, cesso o som


Mais uma manhã, mais um conflito
uma voz agressiva que grita, berra
ataca sem nem menos saber
o violino sobre o colo pesa
como os olhos que anseiam chorar
respiro e me recomponho
seco o úmido na face, me recomponho
tomo o instrumento que me acompanha
deixando o peito amolecer 
deixando a música nascer
meu espirito não pode ruir 


O que bate no peito
o que move o pulso, chama
em meio a multidão, desabo
sento e deixo vir, deixo lacrimejar 
palavras ao longe me feriram
palavras ao longe me confortaram
posso enfim me mover, 
buscar outro lugar
o que bate no peito é forte
tem a força de um martelo


Sou nascida de um castelo forte
filha de musas e poesias, 
amante da canções e melodias
porém, também sou angustia 
marcada pelo fel de desconhecidos
por palavras e ações de antigos amigos
mas o coração permanece a pulsar
chamando a mulher em mim a lutar
essa é minha sina e meu escudo
pois ao cair, maior se torna meu agudo
e mais profundo..  meu som, meu eu, meu tudo




domingo, 8 de outubro de 2017

Cinzas

Lá fora as nuvens persistem
encobrindo o sorriso da minha alma
enquanto sigo chorando lágrimas de cura
em meu quarto de desolação e fúria
mescladas em orações e profanações
abraço meus  joelhos eu canto 
clamando findar dos meus dias nebulosos
Perdida nessa desolação que me imponho
sem saber como me libertar de tantos nós
percorro minha pele com os dedos
tracejando um caminho para  luz e paz
para que das cinzas do meu espírito 
possa ressurgir mais forte, mais nítida
com minha voz e corpo entrelaçados 
aos meus sonhos encantados
eu me refaço em canções e espera
por dias de flores e amores 
e um novo eu, diante do espelho, refletida


 

sexta-feira, 6 de outubro de 2017

Emancipação

Fazia sentido
ter você por perto
ter esse elo, essa ligação
era quase natural cada verso
que nos fazia imersos 
em tanta atraçao
sua voz, seu eu, meu par
capaz de me acompanhar
em cada riso e memória
mesmo quando nossa historia
ja estava a se apagar


Mas tudo se findou
e sua escolha foi recoar
desaparecer no ar
fingir que nada restava
que não pertencia mais
ao lugar que estava
porém certa parte de mim 
ainda falha em deixar-te ir
pois ainda te sinto e espero
você ainda está aqui, em parte
você ainda faz aqui morada


Desejava não mais escrever
tendo você como contraparte
inspiração e tentação
que toma conta da minha arte
porém, hoje quando fraquejo
quando cansada me rendo 
assim deixo o que prendo, 
vir a tona, saindo dessa redoma
e para você, escrevo uma vez mais
esperando que pela poesia
eu possa enfiar me emancipar


Você não está aqui 
e não mais voltará
sua passagem nessa alma
só deixou só arestas mal aparadas 
e um tanto de farpas fincadas
enfim, então, me deixo admitir 
que nada mais me sobra
a não ser enfim, te expurgar
tirando o doce dessas memórias
deixando a raiva então vir
é preciso somente libertar-me, 
admitir que quero, anseio, devo
conseguir partir. 
















terça-feira, 3 de outubro de 2017

Há dias

Há dias para se fechar
Há dias para abrir-se
Há dias para desejar avidamente um abraço
Há dias que seu abraço é o reduto para alguém
Há dias para calar-se
E há aqueles que sua voz é a unica coisa que trará paz a outro
Há dias para se destruir e se refazer
E por fim há aqueles em que você está destinado a unir 



Há dias em que nada sou se não eu mesma
Há alguns em que me converto em algo a mais
quando enlaço meus braços em quem me procura
Há dias, que eu não posso ser sou eu
Há horas, que eu queria ser sou eu
É confuso ser algo e não ser nada
Ser solicitada quando pouco se pode fazer


Há dias, em que a ferida cala
mas nem sempre a dor é minha
Há dias que só me resta versar
e assim tudo se alivia



domingo, 24 de setembro de 2017

Frágil

Minha poesia tem sido meu castelo. Meus versos, meus dragões.
Não luto minhas espadas com escudos e espadas, mas com palavras, lágrimas e esforço.
Muitas vezes saio da cama sem vontade de me levantar, pensando se não deveria deixar o dia passar e só ficar ali, parada, porque estou cansada. Cansada dessa quebra de galho diária com minha mente, minha volta, minha falta. Só nesse ano fui ao "inferno" e fui resgatada mais de uma vez. Fui uma sobrevivente em um caso delicado, da qual só pessoas mais próximas sabem e tem sido uma grande batalha me manter em movimento. Eu me salvei porque lutei. É é isso que tenho feito a minha vida toda.

Eu deveria estar em atendimento psicológico, mas faz mais de um mês que não apareço nas sessões. Faltei na primeira sessão por questão de trabalho. O problema foi na semana seguinte, tem sido alvo de cyberbullying e depois de ameaças. Tive um principio de crise de pânico novamente e não consegui sair de casa. Tinha medo, tinha raiva, tinha tristeza. Fiquei tentando manter a normalidade, mas é bem dificil quando se sente fraca o tempo todo. 


Ai nas duas sessões seguintes, eu fiquei sem dinheiro. E tinha que escolher entre ir pro trabalho ou para o médico. Escolhi a primeira opção. Agora, estou sem jeito de aparecer lá e retomar tudo. Me sinto idiota e sinto que preciso retomar, só não sei como. Eu permaneço cantando, eu permaneço escrevendo, eu permaneço ensaiando. Eu permaneço vivendo


Mas as pessoas continuam me ferindo. Pisando nas minhas lembranças. Me agredindo gratuitamente. Enquanto eu só quero tentar continuando. Amo minha faculdade, meu estágio, meus alunos, tudo o que consegui com meu livro. Amo os meus sonhos e tudo que tenho construido

Só que é domingo a noite, eu estou desabafando aqui, escrevendo
E estou chorando de novo, é pelo menos 20% de tudo o que compõe minha semana
chorar. Isso não é bom, isso não é legal,. Sinto como se estivesse a ponto de quebrar
mas todo mundo so quer a Ida risonha e piadista 
todos so querem uma garota sem problemas
eu só queria algumas ligações de vez enquando
e saber que as pessoas pensam em mim 
e não só julgamentos
eu só queria dormir, sem pesadelos, sem ansiedade 
só dormir 
 

"Venda"

A arte na parede não enfeita
em parte, ela rejeita
sua carteira, sua definição
seu ego e conceito de belo
como o picho naquele parede
onde se lê sobre o que se expele
sobre o que arranha a garganta
e geme, como um soco do pm
na cara do moleque em frente



Mesmo o quadro multicor
que você aponta e diz que é belo
foi uma encomenda à um pintor
paga com prata ou louvor
e só isso na mente, meu caro senhor
Não seja tolo em achar
que toda genialidade nessa parte
não tenha um preço pra ser "arte"
mas no final tudo se copia
virando estilo, influência e classe



Só que agora tem um povo
que gosta de clamar os louros
sobre o que fica no painel
o que entra e sai na luz do sol
que podem dançar alguns poucos
que podem experimentar os outros
um povo que mal sabe das quebradas
dessa tal de arte, dessa tal de liberdade
que nem o caminho para uma exposição
sabiam antes de ver a tal da "maldade"



Sinceramente,
a poeta não sabe se chora
ou se ri sem demora
Porque até os versos dessa que escreve
foram punidos com rótulos e insensatez
ou não sabias que agora decidiram
que fazer da poesia algo mais que floreio
dizem por ai não me torna uma autora
agora me sinto uma marginal escritora
já que aquilo que trato com tanto esmero
pouco tem valor pra esse povo
que quer uma fogueira a cada berro



Vendados estamos,
afinal porque que não vemos
O preço que colocam em nossas cabeças
a mordaça que agora desce a ladeira
e chega a porta do museu, do palco
até na beira da escolar carteira
onde da ponta do pincel a caneta
nos movimentos de mãos e na cena feita
somos escravos dessa tal "venda "
então me entristeço e aqui escrevo
pelos que caem de joelhos, calados e presos
enquanto da lâmina da censura nada escapa
e o que fica, não expõe e denuncia
só serve para decorar sua vista 



Imagem: Painel produzido pela artista VR (Vanessa Rosa) com o tema Violência contra as Mulheres



segunda-feira, 31 de julho de 2017

Home, sweet home

Primeiro dia oficial de férias, sem aula, "sem trabalho"
acordo tarde, depois das 09:30. Me arrasto preguiçosa pela casa
tomo café vagarosamente, respondo mensagens no facebook
curto fotos no instagram e por fim, jogos algumas partidas no jogo que gosto.

Olho para o relógio e vejo que se quero almoçar na faculdade, preciso ir indo
a grana ta curta e faz bem usufruir de um dos poucos benefícios que ainda não foram tirados de nós por lá..
Vou caminhando de boa, são 20 minutinhos de onde moro até a Ufes. 

Vai tudo indo bem.. até que com 5 minutos andando cai uma baita chuva. Abro o guarda-chuva e cogito pegar o ônibus até a facul.. mas ai lembro que da grana curta no mês e que já to quase na metade do caminho. Continuo andando e chego la com os tênis e canelas molhadas.. mas ainda ta tudo bem. É só um pouco de água XD

Bora almoçar. O cardápio não é o mais variado do universo. Já não temos suco, nem sobremesa. Vou sentar sozinha provavelmente.. ou não. Encontro um grupo de colegas de curso em uma mesa, já acabaram de almoçar, só que decidem ficar comigo. Vou ter companhia e algumas risadas pra refeição

Ando pela Ufes, resolvo burocracias. Entro e saio de copiadoras, colegiados e laboratórios de informática. Resolvo quase tudo que quero. Volto andando, de novo, pra casa. Mas ta tudo bem, ta um sol lindo e vou chegar seca em casa.

Chego no apartamento e lembro que preciso limpar algumas coisas. Esfrego o banheiro, tiro o pó do computador, dos livros, da mesinha onde fica minha maquiagem. Empurro o gato que quer deitar na vassoura, e no pano de chão, e na pilha de roupa suja, Tem pêlo de gato pra todo lado e como diabos tem marca de patas na parede da cozinha de novo.

Termino tudo e paro na cozinha. Encho uma caneca de café, ponho leite e me sirvo de pão
Me sinto feliz, 
na minha casa, com meu chão recém-limpo e meu gato gordo deitado ao lado
Mais um dia se passou. E tenho certeza que isso é um lar pra mim. 



quarta-feira, 19 de julho de 2017

It's gonna be better tomorrow

Eles vão te atirar no chão
e você irá levantar
dolorida, se sentindo menos querida
menos amada, menos importante
mas você vai se levantar
e quando fizer isso encontrará algo
uma parte de vocês tão forte, mais tão forte
que por ela, será capaz de se levantar sempre

quarta-feira, 21 de junho de 2017

Abro no fecho

Sou como uma fechadura
uma tetra de quatro voltas
para me trancar completamente
não é difícil, é relativamente simples
é só girar no sentido certo
a quantidade de vezes necessária

de certa forma, eu me fecho assim
um pouco, todos os dias
e uma parte de mim já não se importa
porque quem move a fechadura
é o mesmo que questiona
quando ela cerra por completo


Lá no fundo, uma parte de mim
queria manter a porta sempre aberta
mas a chave continua girando
quando estou lá pelo outro
mas para mim nunca estão
então, eu só sigo fluxo, ele me move
porque o abrir ou fechar, vai continuar

sábado, 17 de junho de 2017

Quando me disseram não

Quando me disseram que eu era desajeitada e pouco feminina, eu encontrei um universo onde era aceita com minha presença e força, e onde ser delicada não era tão necessário
Quando me disseram que eu não devia cantar, porque minha voz era estranha, eu não aceitei. Eu estudei e busquei caminhos, eu me expus e subi ao palco, tantas vezes quanto as necessárias para o encontrar meu próprio som, meu próprio timbre
Quando me disseram que eu não era bonita ou atraente, eu me cerquei de pessoas que me nutriram de carinho e mostraram que há varias formas de beleza e que algumas delas, estão dentro do peito e não em uma face
Quando me disseram que eu nunca seria nada, eu sofri, mas deixei as palavras me transpassarem. E num outro amanhecer, num outro, dia, elas já não machucavam mais. Eu cultivei meus sonhos e fundamentei meus objetivos passo a passo, enquanto outros diziam que não daria nada certo
Quando me disseram que eu jamais seria amada, que não, eu não teria um companheiro. Eu ri. Ri a ponto de gargalhar. Porque encontro uma contraparte de mim em cada livro em que me debruço. Em cada historia que destrincho e abraço. Em cada linha que escrevo, tenho uma companhia eterna e imaterial.
Nem todos os amores são feitos de carne e osso
Nem todas as vidas, são resumidas a alianças e um altar
E nesse vem e vai
quando me dizem que não posso chegar até lá
eu encontro um desvio pelo caminho
traço um rota e designo
que eu não pertenço mais a um lugar
afinal, além de onde estou, é sempre algo a almejar


segunda-feira, 5 de junho de 2017

Onde o medo vira coragem

Desde a metade do ano passado uma vontade poderosa estava emergindo em mim,
uma ânsia, uma força que me impelia a querer algo além do que eu tinha. E eu não entendia.
Não dava pra ter certeza do que estava acontecendo, só sabia que algo me incomodava e muito.
Ai coisas ruins aconteceram, em sequencia. E aquela vontade virou angústia, aperto no peito
meu corpo respondeu adoecendo, minha mente ficando confusa, o choro brotava fácil. 
E quando tudo estava se desenrolando e mais ou menos entrando em ordem, no inicio desse ano uma coisa muito ruim aconteceu. Eu fui vitima de algo que aos poucos estou contando, mas que nem todo mundo saberá. 
 Pensei me matar, Acabar com tudo. Desistir. Eu tive sorte, eu fui salva. Eu vivi e obtive apoio. 
Comecei tratamento com um profissional, todos os dias ao longo de semanas. Fiz exames, tive conversas. E no meio desse caos, aquela vontade que ficou nublada entre tanta coisa pesada, foi ressurgindo aos poucos. 
_____ O que você quer? ___ O que você fará por você? _____ Por quanto tempo você estará onde não se sente bem?

Perguntas e perguntas. Para além da "Ida irmã" que resolvia todos os problemas da casa. Ou da "Ida filha" que não sabia como construir uma ponte até o pai que sempre a tratava de forma ácida. 
E eu pode ver claramente e sentir. O caminho para fora de onde estava. A vontade de ir além que eu havia ignorado. Sair de onde eu havia me aprisionado. Deixar o medo fluir e as coisas acontecerem, 

Como se começa algo assim? sabendo para onde se deve ir. Confesso que eu não tenho a menor ideia de onde vou chegar com meus estudos, aulas, dança e bla bla bla. Porém uma resposta, um esboço de um cenário eu meio que já havia rascunhado entre as conversas que havia tido: eu queria um lar pra mim, um espaço meu. Não que minha antiga casa não o fosse.. mas ai tem uma carga antiga e sofrida que por hora, quero deixar pra lá. Ansiava por um outro lugar: outro teto, outras paredes e ares. 

Estamos aqui, eu, meu gato esquilo e um punhado de coragem. Casa nova, quarto arejado, uma amiga na porta ao lado. E vamos seguindo, ver no que vai dar

Vai que final, a resposta não estava só escondida em uma quina qualquer desse novo ponto de vista 




quarta-feira, 19 de abril de 2017

Reflexões sobre comida e semanas longas

O caminho para o meu coração definitivamente passa pelo meu estômago.

Essa afirmação pode ser tomada de varias formas, algumas mais tolas, outras despretensiosas. Por isso, darei uma luz de como passei a sentir isso: Todas as pessoas que já estimei verdadeiramente na vida, em algum momento, já cozinharam para mim. Não só cozinhar no sentido de preparar algo com atenção e todos os devidos pormenores do processo em si, mas utilizaram do seu tempo para cuidar de mim, me dando comida em momentos que senti fome ou que precisava comer e não estava o fazendo por alguma razão. 


Da mesma forma, a grande maioria das pessoas que eventualmente venho a chamar para dividir um lanche, visitar um restaurante novo, comer um podrão na praça ou simplesmente, divido um pacote de biscoitos no intervalo de uma aula/ensaio também são pessoas que guardo um carinho ou simplesmente, quero cuidar ou ter pertinho. Eu saio para comer quando estou triste ou quando estou feliz. Me faz bem, eu me divirto e aproveito ainda mais os sabores de uma boa refeição em ambas as circunstâncias. É um fato que também são raras as vezes em que perco totalmente o apetite.


E para além disso, eu gosto de cozinhar, muito embora não tenha um repertório tão extenso quanto gostaria. Confesso que ainda planejo fazer um desses cursos de cozinha práticos para aprender mais e chamar meus amigos para fazer algo gostoso sempre que fosse possível. Quando imagino uma casa minha, no futuro, imagino uma mesa farta de coisas boas para comer, rodeada de pessoas que gosto rindo e conversando e alguém no fogão pedindo ajuda para preparar algo. 


Em resumo, se busco a sua presença para comer ao meu lado, se já dividi alguma coisa de comer com você ou se você, em algum momento, preparou algo pra comer para mim (seja um cafezinho) a possibilidade que eu tenha um grande afeto por você até hoje. Mesmo que tempo tenha passado e nossos caminhos ido em outras direções. 

Quer me fazer feliz um pouco? Me chame para comer algo gostoso em algum lugar
Se tiver uma cerveja gelada e música então, ai fica tudo perfeito




domingo, 16 de abril de 2017

Felino adormecido, meu atrevido amigo

Enroscado em meus braços
dorme o pequeno peludo
cheio de preguiça, a ronronar
gatuno amado e esfomeado
meu pomposo felino amado 


Nos teus miados, me alcança
me falando sem palavras 
em sons sem amarras ou medidas
pedindo seja calor ou comida, 
as vezes, só um pouco de companhia 


Se me encontra acordada 
no meio da noite, despertada
se esfrega e chama, pedindo algo 
provavelmente pra sua pança
por fim, sobe em meu leito se aconchega


Quando eu doente caio,  eles sabem, sentem
e ao meu lado, na cama vêm a miar
com suas patas afofa seu canto
preparando seu sono e aconchego 
meu amigo felino, pequeno adormecido 








segunda-feira, 3 de abril de 2017

Encantada

Donzela encantada, 
corra pelos prados, para além das montanhas nubladas.. 
O cavaleiro segue em teu encalço, prostrado em furor, 
banido dos castelos e festejos, o amaldiçoastes com o pior dos males ao guerreiro:
o arrastastes ao covil do amor

Vestal, presa em pele de gazela, encantastes ao mortal fragilizado
fizestes o sucumbir e perder-se em sua magia original
para o abandonar precito, aos prantos apaixonado
sacerdotisa do mar verde, olhai para trás e veja-o galgar a estrada em caçada
com a espada em punho e o coração lacerado, a te buscar

O seu escudo quebrou-se em batalha, seu mestre já não o convoca mais aos salões...
Agora ele  chora, desolado, pois a donzela que o consumiu em fascinação
renegastes os sentimentos, que ele entregou em devoção
E o cavaleiro outrora mortal, ainda cruza os rios, florestas e canções... 
atrás da sua sacerdotisa gazela 
e assim permanecerá... 
preso ao encanto... 
atado ao afeto perdido...
 apaixonado e destruído.

Enfeitiçada

É preciso cantar
revelar a cantiga não mais entoada
sobre um amor não concretizado
perdido e amaldiçoado no tempo
ainda emoldurada nos carvalhos do passado


Sob o véu,
de gazela a donzela
a vestal corre pela mata
encantada e fadada
distante dos olhos afoitos
A seguir solitária até o findar dos dias


Tida como presa,
flechada em uma caçada
Ao cavaleiro errante afeiçoado 
a batalhas prazeres 
revelou-se tua dúbia face


Ao falastrão sanguinário, 
consternado por beleza e magia
caiu-se apaixonado, o ímpio desonrado
e tomado de encanto e afeição, 
à ela entregou teu coração de imediato


Mas as árvores gargalharam
e o vento soprou vigorosamente
tamanha a audácia do guerreiro
e em meio a tempestade subjugado
Esgueirou-se a donzela a escapar

sexta-feira, 31 de março de 2017

Matéria sobre o Lançamento veiculada no site da Prefeitura Municipal de Cariacica

O Lançamento do livro hoje foi matéria do site oficial da prefeitura de Cariacica. A matéria foi escrita com muito carinho e trata-se da minha primeira entrevista em meios jornalísticos como escritora. Segue abaixo o link para que todos possam conferir:



Lembrando que amanhã será o nosso grande dia: O Som das estrelas caídas deixará as páginas do meio digital e se tornará oficialmente meu primeiro livro publicado. A emoção e ansiedade estão batendo, mas mais do que isso, a sensação de consegui construir algo incrível e que novas estradas trazem novos sonhos e objetivos.

Desejo uma ótima sexta-feira a todos!  




Nós somos assunto do jornal!!


Hoje ao acordar me deparo com a notícia que o lançamento do meu livro foi pauta da coluna "O Metro Indica", na edição de hoje do jornal Metro. Ver essa repercussão torna o dia de hoje mais feliz para mim: eu consegui, um passinho de cada vez, vou alcançando coisinhas que sempre quis. 

Espero que a sexta-feira de vocês seja tranquila e iluminada
Beijos

A Peregrina






quarta-feira, 29 de março de 2017

Lançamento do livro em Vitória

Sábado "O som das estrelas caídas" terá seu primeiro evento de divulgação em Vitória. Estou muito empolgada por esse lançamento ser parte de um evento com a galera do coletivo Amigo Livro, que promove eventos literários muito divertidos no Masterplace Mall mensalmente.
Aos que não conseguirem estar presentes no evento de sexta-feira em Cariacica, fica este novo convite
Bjos a Todos
A Peregrina Silenciosa



segunda-feira, 27 de março de 2017

About me

Escritor é um bicho estranho. Por vezes nos perdemos em pensamentos aleatórios, viajamos em coisas bobas e nada a ver. Divagamos sobre o nada, o superficial, o esquisito e mais alguma coisa. Ontem estava parando para enumerar curiosidades sobre mim, simplesmente pelo ato de pensar se existe algo a ser lembrado. Sai com uma lista muito simples e talvez, superficial, mas foi uma exercício de autoconhecimento engraçado :) 

1 - Sou fascinada por patinhos. Patos filhotes mesmo. Gosto de ver fotos, videos e quando vejo um de perto brinco, quero fazer carinho. Ah! já persegui os patos do parque moscoso pra fazer carinho neles, com um ex-namorado de fora olhando e provavelmente pensando: que diabos ta rolando ali;

2 - Tenho problemas com leitura dinâmica. Posso ler livros inteiros de mais 100 páginas em um dia, mas muitas vezes, pulo trechos pra chegar ao final mais rápido. E faço isso sem perceber, tento me policiar, ainda assim acontece. Então por vezes, releio livros que já li porque percebo que pulei detalhes e acabo sempre gostando mais do livro. 

3 - Sempre que vou escolher um picolé pra comprar, procuro um sabor "diferente", algo não comum. O meu sabor preferido é o de milho-verde, por exemplo. Em geral como coisas como picolé de jaca, de abobora com coco, de abacate e por ai vai . O mesmo rola com sorvete, dificilmente num Self service de sorvete irei pegar coisas como morango ou chocolate .


4 - Sou desastrada ao extremo. Quase cai do Carlos Gomes tentando pular de um camarote pro outro durante um ensaio ano passado com um Coro. E rolei alguns degraus do mesmo teatro por ter tropeçado no meu vestido longo. Ainda sim, escolhi uma dança delicada e precisa pra praticar, o Ballet clássico. É meio que um desafio pessoal o ser de extremo sem jeito que sou alcançar algo nesse estilo de dança.

5 - Tenho uma memória muito ruim. Aprendo conceitos e histórias com grande facilidade, ´porém não consigo guardar datas ou números de telefone. Esqueço de fazer coisas também. Tenho andado com uma agendinha e escrevo tudo o que preciso. As vezes me sinto meio idiota com isso, mas foi o jeito que achei de não me perder.  


Bem, essa é minha lista e uma experiencia minha.. vocês tem alguma curiosidade assim para compartilhar? escreva a sua lista nos comentários :]  será muito legal conhecer as esquisitices de vocês 

Em minhas mãos pela primeira vez






Dá uma olhada em que chegou da gráfica hoje :]
Hoje, pela primeira vez, peguei o fruto do meu esforço nos últimos meses em mãos. A sensação de êxito é maravilhosa: o toque do papel, as cores, as páginas..
Lembrando que o livro será comercializado com o valor de R$20,00 e só estaremos recebendo em dinheiro nos primeiros eventos: o lançamento oficial no Centro Cultural de Cariacica e no 1º Festival de Marcadores do Amigo Livro.