terça-feira, 2 de fevereiro de 2021

O instante chegou e sou caos

Minha poesia é tal qual um unguento medicinal

Ela fecha feridas
Nutre lapsos
Me conecta a vazios
Me põe em algum compasso

Na letargia do dia a dia
Age como combustível na palha
Acendida ela infla
Se alarga, se solta, me desafia
Minha poesia me move.
Me arrasta sem regalias
Me salva, me liga

Minha poesia me dá dias
A essa existência fraca que sempre hesita






Aconchego


Descompassado batimento vital
O espírito tá cansado
O conflito não é mais acaso,
é uma diária dose engolida
Engasgando todos nós
Ásperas ondas te arrastam
Te revirando como concha vazia onde quebra o mar
A vontade de chorar irradia
Mas o medo do rótulo acusativo te assusta mais
Um, dois, três o alarme grita
Abra os olhos e seja produtiva
Tique taque o relógio avança
24 horas sem nada pronto
Correndo e correndo
Tropeçando em si mesma
Cadê tu meu aconchego? 
O respiro falha, preciso de um abraço, um beijo


Preciso de olhos gentis sobre mim


O espelho é um confronto,
ele me recorda das minhas fragilidades, das deformidades cravejadas pelo tempo, do cansaço que consome o espírito,
da pele marcada pelo sol e sal

A nudez no banho limpa o que deve sair, mas é o que permanece ali?
O que não pode ser lavado pois esta impregnado nessa casca?
A sensação de inutilidade, de feiura, de incompletude.

Como se colide consigo mesmo,
quando as lágrimas revelam o seu reflexo quando esta sozinho?
Preciso de olhos gentis sobre mim,
pois os meus são demasiadamente cruéis comigo mesma.

Preciso de um olhar caloroso que me guie para fora do beco ao qual me arrasto quando decaio.
De alguém que me acolha quando eu tenha dificuldade em me amar..
Preciso de olhos gentis sobre mim,
para me lembrar de tudo que uma hora vai passar