segunda-feira, 30 de julho de 2018

Luto - parte II

A perda poderia me anular
o pesar, talvez, me cansar
Todavia, já passou do dia
de eu me torturar 

Não tenho a pretensão
de permitir que a sua ausência
seja mais relevante 
que a importância que conferiu a mim

Dizem que o luto possui três etapas
mas sinceramente, eu me rebelo
me rebelo contra todas elas
só irei te expulsar de mim e nada mais


domingo, 22 de julho de 2018

Desafios e sombra






















No tarot existe uma carta chamada "Roda da Fortuna". Em um lançamento ela pode significar movimentos de ascensão e queda, ciclos. Eu venho me sentindo dentro dessa carta, vejo a minha vida oscilar entre altos e baixos, grandes felicidades e conquistas, grandes decepções e fraquezas. Assim como minha mente, meus sentimentos. 

Há muita dor no meu passado, há muitas barreiras e muitas feridas ainda abertas. Há muito caos na minha vida familiar e tamanhas eram algumas situações que eu precisei me isolar um pouco de alguns familiares para tentar suturar alguns desses cortes, sarar algumas sangrias, me recompor. 

Estou de novo a beira de um precipício emocional, tentando me focar em encontrar uma saída, uma resolução a uma grande problemática. É o que sou: a resolvedora de problemas da familia. Aquela que sai de uma cidade para outra para ir na escola do irmão mais novo e ver suas notas, a que arrasta um irmão machucado pra um hospital porque ele mesmo não iria sozinho, a que encontra o pai bebado e queimado em casa escondido no quarto e trata dele mesmo ele te ofendendo diversas vezes. 

Mais ainda sou a Ida, a menina quebrada. Cheia de gatilhos emocionais, sobrevivente de uma tentativa de estupro do qual evito falar para não ser rotulada. Quebrada demais para ser amada, estranha demais para ser desejada.  Ao mesmo tempo que sou a Idayana, a escritora prestes a publicar o seu segundo livro, na reta final da segunda graduação, fazendo planos para voltar com a banda em que ama tocar e cantar.


Eu só queria terminar meu ano, viva e bem. Sem nenhum pensamento ruim na cabeça sobre se eu devo ou não estar viva, sem achar que eu falhei, como irmã, como filha, como pessoa. 
Eu só quero o que todos querem

ser amada, ser acolhida, ser protegida
como eu as vezes acho, que nunca fui
eu só queria ser abraçada até todos os pedaços colados voltarem pro lugar
eu só queria ser querida até não me sentir descartavel
eu só queria não ter que chorar mais sozinha, por não haver ninguém para secar minha face

Hoje eu me sinto partida 
amanhã, não se sabe 


"I beg for some changes 
For all this mess, some meaning 
I beg for a chance to
Take a big breath and clean all 
Misunderstand.. that may represent 
What is expected from me 
day by day 



domingo, 15 de julho de 2018

Quero um amor que me traga agoras

Por anos eu desejei flores
e o papel de companheira, ser parte de algo
e não o de companhia quando convêm
esperei que minha essência fosse amada
que minha face, meu corpo, meu eu
enfim, fosse por alguém, no todo desejado


Aguardei pacientemente todas as fases
para ter minha estima inevitavelmente
abraçada em reciprocidade
mas sempre terminando solitária
deixada, trocada, não assumida
todo o meu afeto no final, desprezado


Acho que uma parte de mim, 
não espera mais flores ou corações
ou sussurros ou promessas
acho que uma parte de mim
não espera mais nada
vindo de ninguém, em qualquer estação


Minhas expectativas de fieis amizades
quase foram apagadas, por eu não retorcar
minhas tentativas de paixão e amor
tornaram-se um mar de frustração
vou seguindo assim, me entorpecendo
em café, chocolate e fantasia, enlouquecendo


Não me resta nada
nem tentação, nem desejo, nem adoração
me sinto tão vazia, tão seca e frigida
que o único anseio que ainda mantenho por hora
e quero por hora, um amor que me traga agoras
que não me faça mais esperar por algo a me dar


Mas segue o baile da vida
mesmo que bailarina nem para dançar 
consegue ter tempo mais, 
só queria ter de volta seu boa noite
antes de na cama deitar 
para pelo menos, em sonhos, voltar a se amar 











quarta-feira, 4 de julho de 2018

Ninhos


Qual o cheiro do teu passado?
qual o jeito do seu antes
eu cresci entre livros empilhados
cheiro de jornal guardado
misturado com pêlo de gato e 
aroma de mato molhado

Numa casa de madeira velha
entre retalhos, papel e traças
uma criança de franjinha e
joelhos ralados
amante de historias e bichos
com olhos sempre voltados
pra fora do ninho


domingo, 1 de julho de 2018

Leve como o ar e doce como deve ser

Eu gosto de abraços quentes
daqueles que juntam todos os nossos pedaços
e nos fazem refazer passos para buscar
gosto de chocolates, doces e caricias 
e beijos, sejam eles leves ou apaixonados
que te fazem ver novamente cores  no mundo
depois que são dados


Eu gosto da companhia dos meus gatos
de rir com seus miados ou acaricia-los
gosto quando os tenho por perto
já que do calor de um certo outro gato
nem sempre posso dispor
Gosto de ser mimada e querida 
nos seus braços aquecida


Gosto que mesmo frente a brevidade da vida
em um livro, canção ou poesia me encante
e que nesse vai e vem andante 
possa de todo esse verso, amasso ou instante
me saciar nessa paixão quente e doce, 
como chocolate quente servido na cama
antes de dormir, lembrando do sorriso que me trouxe