quinta-feira, 27 de dezembro de 2018

Procura-se

Procura-se desesperadamente 
alguém que me transcenda
que faça ir além do que sou agora
que me expanda ao comigo agir
que entenda a importância
de quando digo que algo é especial
e me deixe para trás
quando é seu bom dia e não o meu 


Não espero alguém que me dê mimos
apesar de todo mundo gostar
de ser cuidado de vez em quando
preciso de alguém presente
mesmo que não fisicamente 
Procura-se alguém
que que se importe
que se faça relevante
mesmo a distância, aqui e hoje


Procura-se desesperadamente
alguém que não tenha medo 
de se entregar, de falar, de vir
que se deixe levar pela vontades 
saia das dietas, mude uns compromissos
pegue um carro, um ônibus, uma brisa
qualquer coisa que te leve ao meu encontro
sem hesitação, sem medo, sem desculpas
alguém que queira estar aqui
e fale sobre e tente, pelo menos tente
demonstrar o que sente


Não escrevo poemas para seres surreais
falo de pessoas, gente que julgo normais
já pedi flores, pedi agoras
mas por hora, sim, desesperadamente
e sem demora 
só queria alguém que desejasse tanto
me tocar, me ver, comigo falar
que não esquecesse do celular
e que pudesse, mesmo diante da sua rotina
um tempinho para mim guardar


Procura-se desesperadamente
mais que um amor, um amigo, um namorado
quero um companheiro
quero um comparsa 
com quem possa travar planos mirabolantes
da dominação mundial 
à conquista do nosso almoço
trocar bom dias e boa noites
dormir exausto ao meu lado
acordar preguiçoso com meus gatos
e simplesmente, me amar


Até lá
só me resta procurar 
e escrever sobre 
esperar que eu mesma possa desabrochar
para quem sabe um dia 
mesmo essa busca que travo
encontre um alvo ou algo 
findando essa sensação
que não há nenhum porém
em quem sou 
que impeça outro alguém 
de também por mim procurar 









sábado, 15 de dezembro de 2018

O poder do abraço

Haverá dias em que só irá querer desaparecer
encontrar um buraco para se ocultar
um quarto fechado para se esconder
quando parece que ta tudo em descompasso
quando falta empatia ao responder


E de tropeço em tropeço
de grosseria em grosseria
silêncio em silêncio
você se fere, se entristece
como se o vento soprasse uma chama
tornando  de uma fagulha, um incêndio


Onde no meio das chamas,
tem uma só pessoa
que no final, já queimada
ardida das labaredas do dia ruim
da semana atropelada
só quer, só precisa
só anseia por um abraço

Só o envolver dos braços
ele pode apagar o calor que te chamusca
controlar a queimação que sobe pela garganta
impedir que as chamas ao redor
penetrem a pessoa e a carbonizem por dentro

Nesse dias, em que da vontade de sumir
e não se pode
em que dá vontade de chorar
mas não dá tempo
Dias que cansam a passar,

Nesse dias,
quando tudo estiver ruim para alguém
seja abraço e não vento
não sopre as coisas a esmo
não deixe o outro ao relento, sem par


Pois eventualmente, nesses dias
o fogo que deixou ferir outra pessoa
pode dela retornar
e até mesmo em você,
trepidar








domingo, 2 de dezembro de 2018

sobre medos, gavetas e listas

Em geral, trago poesias para vocês. 
Mas às vezes, só de vez em quando, gosto de usar esse espaço para pensar.
Porque sim, pensar eventualmente para mim, envolve a escrita
ela me faz canalizar as coisas na cabeça e por ordem onde ela falta..

Quando estou ansiosa ou tensa
eu arrumo gavetas: tiro tudo de uma e organizo, bem devagar
quando estou preocupada com algo
faço listas: coisas que preciso comprar, fazer, coisas que desejo...
Quando estou aflita, procuro alguém para conversar
por mensagem, pessoalmente, falar sobre, me acalma
e quando não consigo ninguém, converso com meu gato.. 
sim, é meio papo de doido, mas bato altos diálogos com ele rs

Mas o medo, esse é um caso complicado
bem esse é um sentimento ainda não "domado" por mim
o medo me afugenta, imobiliza, me deteriora 
e o pior, a preocupação, a aflição, a ansiedade, que em geral eu consigo lidar
quando são trazidas pelo medo, se tornam mais fortes
mais "brutais" para mim. 
Eu tenho medo de falhar. Tenho medo de ser odiada. Tenho medo de perder as pessoas que amo
Tenho um medo absurdo de trovões, tenho medo de estar sozinha em hospitais 
Tenho medo de não ser suficiente. Tenho medo constante das pessoas estarem me ridicularizando pelas costas. Tenho medo dos pesadelos que tenho (quando alguns deles se tornam "realidade" em poucos anos/meses de distancia, vc descobre que sonhos podem ser assustadores no mundo real tb)
Tenho medo de nunca ser amada por ser quem sou. 


Sei que parte desses "medos" são ligados a minha autoestima que é uma desgraça
Sei que parte desses "medos" são relacionados ao fato que minha mente é fraca, 
que sou defeituosa e preciso de "acertos" 
Sei que parte desses "medos" batem de frente com gatilhos emocionais 
que to a anos tentando encontrar uma forma de lidar 
Mas sei que não posso mais fingir que esses medos estão dentro de mim, 
ferrando meu dia volta e meia

Hoje, senti um desses medos
veio disfarçado de raiva, de conflito sem solução
veio disfarçado daquela sensação de "mãos atadas" 
sobre o que não se ter o que fazer sobre algo
veio no rompante, depois ficou ecoando aqui dentro
por isso, por hora, por hoje
eu escrevo. 

sei que as listas, gavetas, conversas não vão ser de utilidade hoje
e o chocolate pra TPM ja acabou
vou por um filme, e tentar abrandar a mente
os mares podem ser tortuosos
mas ainda comando essa nau que chamo de alma
só preciso por essas velas no lugar
e traçar um curso, qualquer porto serve na real
porque o importante, é chegar lá
mesmo ainda não tendo ideia de onde é o tal "x" do mapa 








segunda-feira, 12 de novembro de 2018

Serás pedra, serás rocha

Há um sopro de contradição
que me guia
uma inquietação persistente
que me instiga
uma chama vívida que queima
uma água que se move, límpida
e grita, 
grita porque se sente presa
grita porque se sente arisca
grita, 
porque gritar te faz pulsar
o coração volta a bater
a frustração deixa o peito
a voz retorna, reforça
rebeldia viva
não tenho vocação para ser prego
para ser martelado
e desaparecer no cedro
me tornar parte da mobília
ou engrenagem na máquina da vida
sou rocha, pedra firme
que no alto me torno montanha 
reverbero o eco, 
da solidez fortifico minha ânsia
de ser lapidada sim, pelas circunstancias
mas de ser mais que só uma parte
ser um todo, forte
ser um ser que grita 
um ser que move o universo ao ser redor 
às vezes sem nem precisar sair do lugar 
às vezes, simplesmente, só por incomodar




domingo, 28 de outubro de 2018

Veras que uma professora não foge a luta

Essa postagem é feita de fragmentos que li ao longo da noite em meu facebook
com minhas próprias reflexões
e é em partes, meu manifesto com a ascensão de um fascista ao poder


Estou com medo 
muito medo
temo pela noite que cai hoje
pelo amanhecer e passar dos dias 
Mas não estou sozinha
me vi na garota carregando um livro 
indo votar hoje na rua
na mulher que eu sei que é professora
que me cumprimentou na fila 
ao ver meu próprio protesto
na camisa escrita "educadora"
no adesivo e no livro que eu portava
vi em cada postagem de esperança
antes e depois da nossa "derrota"
me vi nas mensagens de apoio
nos textos e nas musicas 
eu me vi na resistência
e tenho orgulho das pessoas
nas "trincheiras" ao meu lado
Hoje um pedaço de mim morreu 
um pedaço da minha nação se perdeu
Você que está lendo isso agora
pode não sentir o mesmo
mas as pessoas que eu mais amo
estão com medo 
eu estou com medo 
mas estamos juntos
e somos MUITOS
hoje foi escrito
em lágrimas e no sangue que já caiu
em nome desse candidato 
que só o ódio semeia
ninguém soltara a mão de ninguém
juntos, resistiremos a tempestade







terça-feira, 23 de outubro de 2018

Meu próprio muro

Hoje eu fiz uma prece ao universo, implorando para não colocar ninguém em meu caminho.
Estou cansada de brincarem com meus sentimentos, não se importarem com minhas dores
Estou ferida. Todos partem e no final, fico sozinha me sentindo largada. Sem valor.
Hoje eu chorei sozinha, de raiva, de magoa. E finalmente aprendi que devo construir um muro em mim. Uma barreira que impeça todos de se aproximar.
É chegada a hora de suturar esses cortes recém abertos e aprender de uma vez
que ninguém se importa em como me sinto
e que não vou deixar mais ninguém se aproximar
não tenho mais vontade de confiar
não tenho mais vontade de ninguém gostar
e mais do isso, tenho profunda raiva e frustração pelos sentimentos que eu alimentei
pelas pessoas que eu erroneamente deixei me tocarem, em corpo e alma
um babaca será sempre um babaca
antes, agora e no futuro.
e eu sou uma burra completa por achar que seria diferente, mesmo anos depois.

quinta-feira, 18 de outubro de 2018

Meu novo livro e uma nova poesia para vocês

Não tenho postado muitas coisas aqui além de poesias
Ponho a culpa na minha rotina cheia, que me ocupa corpo e mente totalmente
percebi que nesse vai e vem, não cheguei a fazer aqui uma postagem oficial sobre meu novo livro
então decidi tirar a noite de hoje para isso


No início do ano submeti um novo projeto na Lei de Incentivo a Cultura do meu município, Cariacica. Este projeto se chamava "No limiar da Aurora", meu novo livro de poesias.
Para minha grande alegria, fui aprovada e desde então, tenho trabalhado nas etapas de edição dessa obra.


Abaixo divulgo para vocês a capa desta minha nova viagem pela poesia e o poema título deste livro.




No limiar da Aurora

Sou uma nau em viagem
Atravessando um mar em revelia
Onde sinto ecoar ondas que quebram
Nos versos em que me banho em esmero
Por vezes as velas cessam
E à deriva a embarcação fica
Ou a tormenta enfim vibra
Me enlaçando em tempestade
Há os ventos que me arrastam
Me destroçam e arrasam
Mas há os que me erguem, inflam
Como um mastro que iça a uma vela
Dos mares revoltos a calmaria
Aos braços em meu entorno, me guia
Com lábios e risos a fazer companhia
Vivaz é a memória do que sentirás um dia
Daqui até o limiar da aurora
Para além da física calamidade
Aporto onde meus sonhos fazem morada
onde nasço com o sol e me ponho com as estrelas
Esses ventos que me levam
Que me carregam por esse caminho
São o sopro que me lança
Com o qual o destino, enfim, me alcança

Ida Borchardt


domingo, 7 de outubro de 2018

Minha resistência

Escolhi o giz e quadro negro
antes do pincel e lousa branca chegarem
escolhi a frente da turma
descobri que o dar aula 
ia além de um livro ou palavras soltas
tinha haver com escolhas
com o abraçar coisas
como o ministrar para o hoje 
sobre o ontem, agora e o amanhã


Eu escolhi sabendo dos percalços 
o trabalho extra em casa
a reflexão constante sobre minhas aulas
os livros empilhados no canto do quarto
o testar, pesquisar, recriar-se 
fazer errado, tentar, encontrar o certo
replicar, copiar, refazer, não parar
descobri a beleza do ensinar


Eu me vi, me transformando
questionando, mudando 
das piadas infames deixadas para trás
ao olhar crítico permanente
desde uma lauda a uma imagem
escolhi os olhos brilhando dos meus alunos
ao aprender algo novo, escolhi suas risadas
e mesmo ao ser enfrentada, mesmo cansada
continuo a escolher a sala de aula


Eu me vejo na resistência
como todo educador deve ser
não sou a provedora de luz
para aqueles que não tem 
me vejo como um farol a apontar
mares ainda a serem desbravados
transcrevo mapas de solos 
ainda por eles intocados
trago letras, poesia, música e versos 


E nesse caos contemporâneo
onde professores são massacrados 
como vagabundos rotulados 
me manifesto, me ergo e grito
eu existo, aqui permaneço
pois essa onda de ódio 
não irá me silenciar
escolhi a roda, o livro, a voz
ser da luta sempre 

Sou cor, arte, Paulo Freire
sou ritmo, congo, educação
pertenço as trincheiras 
das minorias sou escudo
sou parte, sou gente
sou canto, coro, canção
sou uma colcha de retalhos 
professora feita parte a parte
e assim, ficarei de pé, com meus irmãos



quarta-feira, 12 de setembro de 2018

Chiaroscuro



Tudo é um teatro de luz e sombras
uma dança de sons e corpos
indo e vindo no andar dos astros
tudo é um palco, presença
onde os audaciosos 
se levantam da platéia
e se entregam
Tudo é contraste
uma mescla de claro e escuro
uma sinfonia em movimentação, 
um espaço de intensa criação
onde novas memórias surgem
para abalar nossas estruturas
tirando teu eixo de equilibrio
e te mostrando tudo que você
com um certo impulso e contorno
realmente esta a querer 

terça-feira, 4 de setembro de 2018

Bad days..

Sabe, eu sei que sou estranha
eu sei que as vezes eu perco o equilibrio
faço as coisas sem pensar ou penso demais
e por ir remoendo coisas dentro de mim
perco o controle e ajo como um maremoto
destruindo tudo ao meu redor
é só que... as vezes a minha cabeça cansa
é como um curto circuito
eu passo 95% do tempo tentando não errar
e quando eu falho, eu sou cobrada
mais que outras pessoas, mais que qualquer um
eu tenho que dar conta de tudo sem surtar
sem reclamar, sem chorar, sem falhar
faz anos, anos e anos
e muitas vezes eu consigo fazer muito
só que eu tenho defeitos
coisas em mim que eu não sei lidar
sou sentimental demais
apegada demais
desajustada demais
as vezes eu acho que só deveria sumir
que eu sou tão bagunçada emocionalmente
que eu só faço merda e deveria só morrer
seria mais fácil
pra todo mundo que eu irrito quando surto
pra todo mundo que eu chateio quando perco
a máscara de boa menina, de boa aluna
boa profissional
as vezes eu só deveria sumir
e pedir desculpas para todo mundo
por eu não saber fazer nada sem vez ou outra
desabar :(

sexta-feira, 31 de agosto de 2018

Pássaros



Hoje me chamo falta. Já fui em outros dias nomeada de saudade. E num passado não tão distante, tinha um nome, ao qual não me recordo mais. Venho nascida de lembranças antigas, todas soterradas em negações e desalento. Estou a minguar pouco a pouco, desaparecendo. 

Sinto que estou fadada a sumir, mas as vezes me inflamo e fortifico, afloro, tal como os pássaros que migram em certas estações e depois retornam ao lar. É como se os laços que me conceberam ainda estivessem timidamente atados por fios tão finos, não tão nítidos a quem os teceu. 

Almejo que tal como os pássaros, que eventualmente deixam o seu ninho, encontre o meu caminho. Renunciar este papel de ausência que represento, ganhando asas e indo para outros lugares no firmamento. Deixando para trás só o bater de asas e o alento que não há mais o que preencher. 

E como falta, outrora saudade, já chamada por um nome agora escondido. Só que de tantas vezes ser solicitada para esquecê-lo, já não sinto zelo em mantê-lo. Ainda sim, quando se deita e aperta seu peito, trago-te fragmentos de sons e palavras ao seu leito. Porque ainda tenho em você meu ninho e nesse berço, esse pássaro ainda insiste em repousar. 





domingo, 26 de agosto de 2018

Estou em transformação


Estou em transformação
é como criar uma conexão
de cada extremidade do teu corpo
com a sua humanidade em crise
recriar-se a cada movimento
partir de um momento
um relato, um alento
usar tudo como concreto 
desde as lágrimas como cimento
até as pedras do descontento
para novas fundações em si
estou em transformação
deixando que cada ação me edifique 
aprendendo aos poucos
que sou meu próprio mar
e que é preciso antes de tudo
se amar






quinta-feira, 23 de agosto de 2018

Cotidiano infelizmente (totalmente) digital

Cansei de mensagens
de distancias
charminho
da falta de entrega
do vácuo em levas


Cansei da ausência
do contato negado
afastamento
sem mãos dadas
sem olho no olho, nada


Eu quero chama
ardência, encontro
dedos entrelaçados
corpo contra corpo
vivência pessoal


Agora é tudo afastado
medo da voz, 
medo do olho no olho
medo 
de ser, de tocar, de tentar


De medo em medo 
de distância em distância
tudo é desencanto
sem fogo, sem tesão
sem graça, sem nada


Cansei 
de aplicativo, de massas
de parecer sempre igual
de sempre ser sazional
de não sentir no corpo por igual


Eu quero tua voz
da conversa mole
ao papo sério
teus problemas e piadas
quero por inteiro e não só migalhas


Eu quero desejo
vontade de encostar, de me soltar
eu não quero palavras curtas
anseio por algumas loucuras
e uma entrega sem hesitar





domingo, 12 de agosto de 2018

Sirènes

Sob o céu noturno
onde as ondas nascem antes da praia chegar
uma sinfonia de vozes começa a brotar
chamando para abaixo da superfície
convidando todos a penetrar 
nas profundezas do oceano elas residem 


Todos aqueles que no mar se perdem
aos seus braços são levados
todas as almas caídas no oceano em vida
para elas são destinadas
dos não encontrados navegantes, pescadores infantes
aos que nas águas desatentos se deixam afogar


As sereias cantam
te chamando para o seu novo lar
elas conjuram a sua partida
para com elas se enlaçar 
As sereias cantam
à todos aqueles que nas águas estarão a se sepultar


Olhe sob as pedras
quando a noite cai e o sol desaparece 
sobre as ondas que passam
e os navios que se quebram
elas virão te buscar, por isso elas cantam
te seduzindo a com elas mergulhar




terça-feira, 7 de agosto de 2018

Pessoas podem ser pontes

Eu tenho três irmãos
E eu sou a ponte que liga eles,

A mais velha nunca me dá suporte quando eu preciso. Está sempre muito fechada no próprio mundo e no próprio ego para de fato me dar algum auxilio. Ela adora virar o rosto e não ver o mundo desmoronando a volta dela.. sem perceber que uma hora, será o chão dela que irá ruir também, quando tudo se despedaçar

O segundo irmão mais velho, é caotico e agressivo. Vive tentando negar para o universo que é um adulto e o responsável pela casa, pelo irmão mais novo e pelo pai idoso. E enquanto ele não assumir isso inteiramente, de corpo e alma, acaba se perdendo na própria frustração de não ser mais adolescente, enlouquece as pessoas a sua volta com sua falta de compromisso e quando explode, machuca as pessoas que o rodeiam com palavras asperas


Ai chegamos ao mais novo. Que passa 90% do tempo tentando contrariar a todos pq sempre se sente a vitima, quando em geral, ta errado e não sabe admitir o erro. É um imã natural para péssimas amizades, coleciona péssimas escolhas e vive no fio da navalha com a familia, fazendo merda em cima de merda. Eu acabo sendo o coração e o ferro quando lido com ele, sendo direta e brutal com as palavras quando necessário, ao mesmo tempo que tento o envolver de amor e direciona-lo, de volta para "casa", para parte desse "lar"

E temos a mim, que acabo sendo a balança entre esses três ai em cima
que preciso sacudir a irmã intocavel e faze-la se envolver na familia
que preciso conter o estressado e coloca-lo no foco de alguma responsabilidade
que preciso "abraçar" o rebelde sem causa e sem idade e faze-lo entender como nos sentimos quando ele faz todo mundo pirar com as coisas que faz



Mas ninguém pensa, que os alicerces da ponte podem ser avariados
que os fundamentos e a força que a mantém em pé podem ter sido danificados com o passar dos anos
que as rachaduras na estrutura estejam cada mais fundas
e que talvez, a ponte, não saiba se consertar
quem olha pra ponte que está caindo?
quem irá ajudar ela a remendar os pedaços que estão se perdendo?
o que irá acontecer, se um dia, não existir mais aquela ponte que sempre ajudou eles a passar de um lado para o outro?

eu não sei a resposta para essas questões
só sei que as vezes penso que estou me quebrando
pedacinho a pedacinho,
cada dia mais :(






segunda-feira, 30 de julho de 2018

Luto - parte II

A perda poderia me anular
o pesar, talvez, me cansar
Todavia, já passou do dia
de eu me torturar 

Não tenho a pretensão
de permitir que a sua ausência
seja mais relevante 
que a importância que conferiu a mim

Dizem que o luto possui três etapas
mas sinceramente, eu me rebelo
me rebelo contra todas elas
só irei te expulsar de mim e nada mais


domingo, 22 de julho de 2018

Desafios e sombra






















No tarot existe uma carta chamada "Roda da Fortuna". Em um lançamento ela pode significar movimentos de ascensão e queda, ciclos. Eu venho me sentindo dentro dessa carta, vejo a minha vida oscilar entre altos e baixos, grandes felicidades e conquistas, grandes decepções e fraquezas. Assim como minha mente, meus sentimentos. 

Há muita dor no meu passado, há muitas barreiras e muitas feridas ainda abertas. Há muito caos na minha vida familiar e tamanhas eram algumas situações que eu precisei me isolar um pouco de alguns familiares para tentar suturar alguns desses cortes, sarar algumas sangrias, me recompor. 

Estou de novo a beira de um precipício emocional, tentando me focar em encontrar uma saída, uma resolução a uma grande problemática. É o que sou: a resolvedora de problemas da familia. Aquela que sai de uma cidade para outra para ir na escola do irmão mais novo e ver suas notas, a que arrasta um irmão machucado pra um hospital porque ele mesmo não iria sozinho, a que encontra o pai bebado e queimado em casa escondido no quarto e trata dele mesmo ele te ofendendo diversas vezes. 

Mais ainda sou a Ida, a menina quebrada. Cheia de gatilhos emocionais, sobrevivente de uma tentativa de estupro do qual evito falar para não ser rotulada. Quebrada demais para ser amada, estranha demais para ser desejada.  Ao mesmo tempo que sou a Idayana, a escritora prestes a publicar o seu segundo livro, na reta final da segunda graduação, fazendo planos para voltar com a banda em que ama tocar e cantar.


Eu só queria terminar meu ano, viva e bem. Sem nenhum pensamento ruim na cabeça sobre se eu devo ou não estar viva, sem achar que eu falhei, como irmã, como filha, como pessoa. 
Eu só quero o que todos querem

ser amada, ser acolhida, ser protegida
como eu as vezes acho, que nunca fui
eu só queria ser abraçada até todos os pedaços colados voltarem pro lugar
eu só queria ser querida até não me sentir descartavel
eu só queria não ter que chorar mais sozinha, por não haver ninguém para secar minha face

Hoje eu me sinto partida 
amanhã, não se sabe 


"I beg for some changes 
For all this mess, some meaning 
I beg for a chance to
Take a big breath and clean all 
Misunderstand.. that may represent 
What is expected from me 
day by day 



domingo, 15 de julho de 2018

Quero um amor que me traga agoras

Por anos eu desejei flores
e o papel de companheira, ser parte de algo
e não o de companhia quando convêm
esperei que minha essência fosse amada
que minha face, meu corpo, meu eu
enfim, fosse por alguém, no todo desejado


Aguardei pacientemente todas as fases
para ter minha estima inevitavelmente
abraçada em reciprocidade
mas sempre terminando solitária
deixada, trocada, não assumida
todo o meu afeto no final, desprezado


Acho que uma parte de mim, 
não espera mais flores ou corações
ou sussurros ou promessas
acho que uma parte de mim
não espera mais nada
vindo de ninguém, em qualquer estação


Minhas expectativas de fieis amizades
quase foram apagadas, por eu não retorcar
minhas tentativas de paixão e amor
tornaram-se um mar de frustração
vou seguindo assim, me entorpecendo
em café, chocolate e fantasia, enlouquecendo


Não me resta nada
nem tentação, nem desejo, nem adoração
me sinto tão vazia, tão seca e frigida
que o único anseio que ainda mantenho por hora
e quero por hora, um amor que me traga agoras
que não me faça mais esperar por algo a me dar


Mas segue o baile da vida
mesmo que bailarina nem para dançar 
consegue ter tempo mais, 
só queria ter de volta seu boa noite
antes de na cama deitar 
para pelo menos, em sonhos, voltar a se amar 











quarta-feira, 4 de julho de 2018

Ninhos


Qual o cheiro do teu passado?
qual o jeito do seu antes
eu cresci entre livros empilhados
cheiro de jornal guardado
misturado com pêlo de gato e 
aroma de mato molhado

Numa casa de madeira velha
entre retalhos, papel e traças
uma criança de franjinha e
joelhos ralados
amante de historias e bichos
com olhos sempre voltados
pra fora do ninho


domingo, 1 de julho de 2018

Leve como o ar e doce como deve ser

Eu gosto de abraços quentes
daqueles que juntam todos os nossos pedaços
e nos fazem refazer passos para buscar
gosto de chocolates, doces e caricias 
e beijos, sejam eles leves ou apaixonados
que te fazem ver novamente cores  no mundo
depois que são dados


Eu gosto da companhia dos meus gatos
de rir com seus miados ou acaricia-los
gosto quando os tenho por perto
já que do calor de um certo outro gato
nem sempre posso dispor
Gosto de ser mimada e querida 
nos seus braços aquecida


Gosto que mesmo frente a brevidade da vida
em um livro, canção ou poesia me encante
e que nesse vai e vem andante 
possa de todo esse verso, amasso ou instante
me saciar nessa paixão quente e doce, 
como chocolate quente servido na cama
antes de dormir, lembrando do sorriso que me trouxe



quinta-feira, 28 de junho de 2018

Mas.. Mas... Mas.

Você acorda. Toma café correndo, se arruma e vai pra aula. Não são nem 7 da manhã ainda.

4 horas em uma sala, cabeça tendo que funcionar, mente minimamente atenta ou o sono vem.
Olha o relógio, vê que pra dar tempo de almoçar tem que sair antes da classe. Levanta com a bolsa na mão, a/o professor te encara inquisitivo... mas não dá, ou vc come, ou fica até meio dia na classe.
Restaurante Universitário, sem fila.. Ufa! a comida não anima, nem da vontade de comer. Mas sem grana pra almoçar em outro lugar, só resta isso mesmo. Pega pouco pra não desperdiçar.. acaba comendo quase nada, mas olha o relógio e vê que precisa ir pro ponto. O ônibus pro estágio já vai passar.

Corre pro banheiro, troca a blusa preta pelo uniforme branco com o logo da escola. Largo, sem graça, "unificador". Corre pro ponto, o  ônibus passa cheio. Vc entra e vai se apertando. Encosta onde dá pra segurar e tenta desligar a mente ouvindo musica no fone. Pega transito, sabe que vai atrasar. Salta e anda rápido até a escola. Cruza atrasada minutos pela Pedagoga que te olha em cima e baixo.

6 horas no estágio. Faz isso e aquilo, corre de um lado pro outro, responde as mesmas perguntas sem nexo da pessoa que trabalha diretamente consigo. Ajuda uma criança, le com a outra. Corrige pilhas de livros e papeis. A mente ta cansada, a cobrança cansa, exauri a cabeça. Mas.. é o que tem, é o que preciso. O aluguel não se paga sem algum salário. Só resta respirar. Estuda no canto da sala quando dá, faz listas nas agenda do que não deu conta pro dia. Lembra de um trabalho da faculdade que nem começou ainda a escrever.


A noite chega, mas.. não da pra ir para casa ainda. Ensaio, cobrança do maestro estressado. Colegas que cantam ao seu lado que não seguram a língua e vivem falando gracinha na hora errada. Não deu tempo pra comer antes de ir pra la, o corpo pede sono e cama, a fome faz a voz falhar. A vontade é pegar a bolsa e sumir dali quando houve a terceira ou quarta "grosseria" do dia.


Vc chega em casa, mas ainda não pode descansar...  pilha de louça pra lavar, pilha de coisas da faculdade pra estudar. Pilha de preocupações a se acumular. Cabeça cheia, vontade de chorar. Vai fazendo o que dá até a mente não responder mais. Vc pega o celular e procura aquela conversa, com aquela pessoa que te traz sorrisos. Aquela pessoa que acha que nutre algum afeto por vc. E novamente ele está me ignorando, ou sendo ácido, ou sendo frio. Ou jogando na minha cama "Mas não estamos namorando". Jogo o celular longe na cama, as lágrimas vem e agora, não preciso mais segurar. Só choro. Pelo dia de merda, pelo cansaço, pelo trabalho que não sei se vou terminar e mandar pra professora a tempo. Pelo meu sentimento tratado como lixo. Por não se sentir em nada, especial.

É tão "legal" quando me dizem: "Nossa, vc faz música, que lindo!" "Deve estar tãooo feliz de fazer a faculdade que queria". "Vida de universitário é moleza, só estagia e estuda"

Não, estudar e trabalhar não é um paraiso. Eu não vivo na lama bebendo de segunda a domingo. Mal encontro um horário entre os dias de trabalho, estudo e estagio pra ver meus amigos. Minha casa vive um caos pq não consigo parar aqui e limpar. Minha unica tentativa de relacionamento amoroso se resume a ser tratada como lixo. Não tenho grana pra coisas simples, tipo descer agora e comprar um lanche pra eu comer.


Isso é a vida real de um universitário que não ganha grana dos pais, mora sozinha e tem jornada tripla.

Bem vindo a realidade "abiguinho"

quarta-feira, 20 de junho de 2018

Luto

Fui atingida em cheio
por uma sobrecarga verbal
de termos e verbos hostis
vindos de um outrora
ser que me cativará
alguém que algo eu nutri
alguém que dentro de mim
ansiei para mim

Mediante tanta aversão
tantas palavras sem emoção
eu reagi, e verbalizei também
tudo o que de ruim sentia aqui
depois veio o silêncio
o afastamento e nada mais 
e mesmo ferido, ainda sentida
ainda tentei e tentei
dizer em verso e poesia
quais sentimentos em mim havia

Mas só tive a ausência de som
e com ela, uma cruel constatação
que nem meu luto você merecia
ainda bem que este termo
que poderia ser somente 
uma alegoria a algo tão funesto
possui uma outra dimensão
como verbo e ação 
então daqui para frente
a mesmo cordialidade silenciosa
que me impõe, receberá de volta
e que sigam os dias sem demora
Porque eu luto, e só isso
me basta por hora. 

domingo, 17 de junho de 2018

Eu sinto

Eu sinto muito
eu queria não sentir nada
eu queria ser fria, distante
eu queria não ser apegada
mas eu sinto
é mais forte, é natural
eu quero, eu me envolvo
eu tento, eu perdoo
ai eu sou ferida
sou manipulada
sou usada
e por fim, descartada
sem qualquer carinho
sem qualquer cuidado
novamente sou desprezada
e lembrada
do quanto imperfeita
quebrada e frágil eu sou
o quão idiota eu me torno
cada vez que me apaixono
a ponto de me despedaçar
por de alguém de novo gostar

domingo, 3 de junho de 2018

Pelo sonho que me resta

Que seus sonhos te conduzam longe
para portos mais iluminados
para planos ainda a serem pensados
que te façam respirar ares menos pesados
que te façam alcançar certos voos esperados
Porque de sonhos a vida pode ser tecida
pintada, bordada, recriada
e sonhando e vivendo 
vamos seguindo e crescendo 
sonhadores, as vezes poetas
amantes de nossa própria sorte 


"Precisamos dos poetas para dar coerência aos nossos sonhos"

Os Gigantes da Montanha

quinta-feira, 31 de maio de 2018

Sii il mio sole

Me aqueço em ti
meu sol,
me inebrio nesse sorriso bobo
me enlaço nesse desejo tolo
de ter por perto,
de ser tua terra, tua lua,
o brilho das estrelas que te inunda
Me volto pra dentro
e penso, penso 
em como ser seu contraponto 
mesmo que a dissonância 
seja parte dessa nossa melodia
feita de calores e desejos
toques e gracejos 
entre meu eu que aqui versa
e teu coração, que ainda cessa
Me aqueço em ti, meu sol
mas sem pressa, 
mesmo não o adagio não sendo
meu passo natural 
até esperar meu allegro em ti





terça-feira, 1 de maio de 2018

Quem talvez


Quem eu sou
nunca terei certeza
seria mentira se afirmasse
que nunca fiz planos sobre
mas as minhas indagações
e cuidadosos planos
nunca se consolidaram
da forma que se esperava
havia sempre curvas no caminho
havia sempre um desvio,
uma tênue inclinação
que as vezes me conduzia
a um abismo.


Quem eu fui
é uma questão ainda mais seca
porque muito embora esteja presa
ao que já foi feito e sido
a visão de mim é construída alheia
na mente dos que me rodeiam
e que por vezes não me
tem em seu coração
ou verdadeiramente me atem
em qualquer afeição
já me deram muitas mascaras
muitas caras, me falaram
outras de mim que criaram assim



Quem eu possa ser,
é um suave mistério escrito no tempo
nada ainda totalmente determinado
nada ainda muito fechado
só meu cerne, aquilo que guardo
no meu peito e mente abraçados
que verte algum bem
e que a longo prazo
nutre a quem serei, o que vem
até lá, sigo me inebriando
entre drinks e devaneios
versos e galanteios
sendo mais superfície rasa
do que profunda expressão vazada















quinta-feira, 26 de abril de 2018

Ressoar

Você ecoou com força
sob minha pele, meu corpo
dentro da minha mente
soando ternamente
tal como breu rente
profundo e quente
Você entoou algo em mim
me enlaçou pelos dedos
me beijou e o folego levou
deixou sem respirar
me fez por mais ansiar
Você ressoou
por horas depois
revivendo uma chama
até agora pendente
me fazendo relembrar
o quão bom sentir-se
como fogueira ardente
sendo atiçada e levada
a perder-se lentamente



quinta-feira, 29 de março de 2018

Sorteio na fã page do facebook





Para comemorar o aniversário de lançamento do meu primeiro livro, "O som das estrelas caídas",
estamos sorteando um super kit literário, montando com todo carinho para vocês, contendo:
* Um exemplar autografado do livro "O som das estrelas caídas", com marcador;
** Uma caneca personalizada;
*** Um kit contendo 20 marcadores variados;
**** Três brindes que trouxe da Bienal do livro!
Para participar, siga o regulamento e torça bastante!
O sorteio será realizado no dia 01 de maio e o resultado, divulgado no mesmo dia!!
*********************************************************************
Regulamento:
Para participar é necessário cumprir todas as etapas propostas!
1) Curtir a página: www.facebook.com/idayanaborchardt;
2) Compartilhar em modo público essa postagem, marcando 3 amigos nos comentários;
3) Visitar meu blog osomdasestrelascaidas.blogspot.com.br e deixar um comentário fofo em algum poema que você gostar
(Ok, isso não é uma regra do sorteio, mas me fará muito feliz rsrs)
4) Acessar o link: sorteiefb.com.br/tab/promocao/692041 e clicar em "Quero participar"
Boa Sorte a todos!!