O Bestiário habitual de nosso cotidiano

Vivemos entre animais 
entre lobos disfarçados de cordeiros
e leões sedentos por tudo
um plano cheio de paradoxos
quimeras de amor e ódio
unicórnios em humanos fantasiados
que zombam de quem vê fantasia
nas páginas de um livro amado


Vivemos entre mulheres fênix
destruídas e renascidas
em ciclos e ciclos infindáveis
ao tentar sobreviver a essa massa
que as pisa e fere com brasas
Entre cães de caça a sempre procurar
um emprego, um amor, um rancor
ou simplesmente, algo a abraçar


Vivemos entre fadas que encantam
vibram, cantam ou dançam, 
como também entre mães ursas, 
protetoras, cheias de dúvidas
vivemos entre beija-flores de amores
aguentando alguns sapos
que se acham príncipes  
e princesas que são tão furiosas 
quanto uma mariposa aprisionada 


Por fim, vivemos entre nós mesmos, 
que entre tantas eras e feras
nos vemos representadas entre elas
as vezes pagando o pato
outras aguentando espíritos de porco
mas sempre seguindo em frente, afinal
nunca sabe qual o animal que os outros
usarão para definir a gente. 

Onde renasço, onde vibro, onde me recrio

Meu novo dia amanheceu
banhando-me de luz e chuva
enquanto a peregrina caminha
viajando por um estrada viva 
onde o destino me encontra
conduzindo passo a passo 
por uma trilha que percorro sozinha

Até que o anoitecer me abrace 
sob as estrelas e a lua branca de prata
e eu possa sentir da ponta de seus pés
até a ponta de seus cabelos ao vento
Não sentindo tristeza em meu coração
afinal as lágrimas da vida agora se foram
com a chuva que caiu ao meu acordar


Eu tenho esperado por tanto tempo
para ver a luz do brilhante sol dourado

poder dançar nas florestas sob as folhas

essas canções que só eu ouço e canto

e aqui, ao raiar do meu novo dia, 

meu novo canto incendeia e vibra 

as lembranças de um ciclo que hoje se recria

Aquariana

Sou regida por Urano
aversa a limitações
independente por criação
e um pouco por natureza
tida como rebelde 
impulsiva e intransigente
mas sou livre 
tingida de azul purpura 
da cor do universo
tingida de prata por estrelas 


Sou cria do ar 
simbolizada pelo dualismo
razão e sentimento
numa tentativa de harmonia
um imagem vívida
de um mito de um jovem
que entre deuses circulou
mas por falhar foi exilado
e nos céus, como constelação
agora pode ser contemplado


Sou uma aquariana
uma guerreira complicada 
leal como uma fera
tida as vezes como perseverante
outras como amante de aprender 
aquela não tão apegada a ter 
ou alguém pertencer 
sou só uma garota
cujo alinhamento de uma constelação
me trouxe muito a oferecer