domingo, 29 de outubro de 2017

Uzume e Hathor

Danças com o espírito mais que com teu corpo
danças com a esperança que está alguém a alcançar
danças com a leveza do linho e da seda
e a temperança de ser espinho e destreza
na meia ponta que ascende e sustenta
enquanto estão a bailar
amantes das danças e andanças
filhas de sóis, luas e estrelas
aqui representadas nessas breve linhas
como parte deusas e parte minhas 
vestidas do tecido mais sofisticado, a alegria
adornadas de contas translúcidas de contraste
energizadas em melodia e poesia
vívidas e lindas, amantes de dança 
triunfantes senhoritas que causam meu riso
e mesmo ante todo o frio, aquecem um ninho
com a gentileza que sempre estão a me dar. 




quarta-feira, 25 de outubro de 2017

Inspiração

No topo daquela fria montanha
Pode se ouvir o lamurio do vento
Entoando uma antiga canção
Trazendo uma voz perdida
Entorpecida em obscuras melodias
Uma dama oculta em negras vestes
Que conduz a luz e trevas entre preces
Enfeitiçando ao poetizar
Uma dama de alma entrelaçada
De júbilo e batalhas
Um espirito que canta
E desperta naqueles que a escutam
A vontade de cantar



dedicada a cantora e minha inspiração,  Fernanda Freitas Miranda

Hammer Herz

Meus dedos tocam o arco 
o posicionando docemente sobre as cordas
meus dedos tocam o espelho negro
buscando o som harmonioso das notas
então desço o arco e movo
marcando e ligando, tocando 
porém o som treme e oscila
com os batimentos fortes no peito
 e essa respiração acelerada inflige
novamente angustiada, cesso o som


Mais uma manhã, mais um conflito
uma voz agressiva que grita, berra
ataca sem nem menos saber
o violino sobre o colo pesa
como os olhos que anseiam chorar
respiro e me recomponho
seco o úmido na face, me recomponho
tomo o instrumento que me acompanha
deixando o peito amolecer 
deixando a música nascer
meu espirito não pode ruir 


O que bate no peito
o que move o pulso, chama
em meio a multidão, desabo
sento e deixo vir, deixo lacrimejar 
palavras ao longe me feriram
palavras ao longe me confortaram
posso enfim me mover, 
buscar outro lugar
o que bate no peito é forte
tem a força de um martelo


Sou nascida de um castelo forte
filha de musas e poesias, 
amante da canções e melodias
porém, também sou angustia 
marcada pelo fel de desconhecidos
por palavras e ações de antigos amigos
mas o coração permanece a pulsar
chamando a mulher em mim a lutar
essa é minha sina e meu escudo
pois ao cair, maior se torna meu agudo
e mais profundo..  meu som, meu eu, meu tudo




domingo, 8 de outubro de 2017

Cinzas

Lá fora as nuvens persistem
encobrindo o sorriso da minha alma
enquanto sigo chorando lágrimas de cura
em meu quarto de desolação e fúria
mescladas em orações e profanações
abraço meus  joelhos eu canto 
clamando findar dos meus dias nebulosos
Perdida nessa desolação que me imponho
sem saber como me libertar de tantos nós
percorro minha pele com os dedos
tracejando um caminho para  luz e paz
para que das cinzas do meu espírito 
possa ressurgir mais forte, mais nítida
com minha voz e corpo entrelaçados 
aos meus sonhos encantados
eu me refaço em canções e espera
por dias de flores e amores 
e um novo eu, diante do espelho, refletida


 

sexta-feira, 6 de outubro de 2017

Emancipação

Fazia sentido
ter você por perto
ter esse elo, essa ligação
era quase natural cada verso
que nos fazia imersos 
em tanta atraçao
sua voz, seu eu, meu par
capaz de me acompanhar
em cada riso e memória
mesmo quando nossa historia
ja estava a se apagar


Mas tudo se findou
e sua escolha foi recoar
desaparecer no ar
fingir que nada restava
que não pertencia mais
ao lugar que estava
porém certa parte de mim 
ainda falha em deixar-te ir
pois ainda te sinto e espero
você ainda está aqui, em parte
você ainda faz aqui morada


Desejava não mais escrever
tendo você como contraparte
inspiração e tentação
que toma conta da minha arte
porém, hoje quando fraquejo
quando cansada me rendo 
assim deixo o que prendo, 
vir a tona, saindo dessa redoma
e para você, escrevo uma vez mais
esperando que pela poesia
eu possa enfiar me emancipar


Você não está aqui 
e não mais voltará
sua passagem nessa alma
só deixou só arestas mal aparadas 
e um tanto de farpas fincadas
enfim, então, me deixo admitir 
que nada mais me sobra
a não ser enfim, te expurgar
tirando o doce dessas memórias
deixando a raiva então vir
é preciso somente libertar-me, 
admitir que quero, anseio, devo
conseguir partir. 
















terça-feira, 3 de outubro de 2017

Há dias

Há dias para se fechar
Há dias para abrir-se
Há dias para desejar avidamente um abraço
Há dias que seu abraço é o reduto para alguém
Há dias para calar-se
E há aqueles que sua voz é a unica coisa que trará paz a outro
Há dias para se destruir e se refazer
E por fim há aqueles em que você está destinado a unir 



Há dias em que nada sou se não eu mesma
Há alguns em que me converto em algo a mais
quando enlaço meus braços em quem me procura
Há dias, que eu não posso ser sou eu
Há horas, que eu queria ser sou eu
É confuso ser algo e não ser nada
Ser solicitada quando pouco se pode fazer


Há dias, em que a ferida cala
mas nem sempre a dor é minha
Há dias que só me resta versar
e assim tudo se alivia