Uma vela derretida e apagada
consumida, quase inutilizável
Essa foi minha forma
por um longo período de tempo.
Convivi com a falta
falta de amor, falta de zelo
era apática, ferida
espancada e agredida
Não se via minha fronte
ou se ouvia a minha voz
pois a criança em mim
refugiava-se nas histórias
Criava mil realidades assim
onde em todas eu não era uma "refém"
onde viver era uma aventura
e não um tormento.
Agora, eu queimo
Pavio aceso, iluminando
me conformei tempo demais
em ser resto de vela
Prefiro findar meus dias sendo chama
consumo minha existência
vivendo e não só respirando
preencho-me de calor e não dor
Queimo o que me toca sem cuidado
aqueço quem me acolhe com afeto
Tenho o brilho de mil candelabros
no pequeno fogo que arde nesse corpo
Me prostrarei somente quando
minha essência enfim terminar
Tal como vela que perece numa poça de cera
onde o pavio se apaga submerso ao final