sexta-feira, 7 de agosto de 2020

Meu coração tem sido quebrado

A cada semana dessa pandemia

limitada ao espaço do meu lar
assisto pela telas e mídias
uma certa crueldade a se instalar

Se já não bastasse a dor de tantas vidas
partidas por uma doença algoz
vejo pessoas atacando umas as outras
sem se tocar que estamos todos no mesmo "nó"

Da moça que morava nas ruas queimada
ao idoso com comida de cachorro "alimentado"
os tiros que tantos jovens nesse caos acertaram
ao menino que do prédio caiu ao ser escorraçado

Enquanto uns gritam que tem direito
de não usar máscara e de livremente circular
a morte nos presenteia em cada esquina
nos obrigando a ela fitar

Muitos temem o amanhã e choram o agora
pois o ódio virou moeda corrente
Já que alguns vivem na rede social
ferindo com palavras livremente

Temo a cada nascer do sol
as noticias que o governo está a emplacar
os mortos que se acumulam sem rostos
os números crescentes que estampam os jornais

A violência e o sangue que lava o chão
Infelizmente já faz tempo que são uma realidade
em grande parte das nossas cidades
em que a polícia sobe o morro sem sanidade

Mas ver a fome voltando e por ela
tantas pessoas estarem em pranto
que só me resta catar os cacos que me restam
e tentar manter o coração pulsando, escrevendo

Eu choro lendo as notícias
nessa janela digital
com que vejo o mundo real,
do meu quarto frio e vazio,
meu (nosso) clauso atual

Sei que meus versos são inúteis
que minha poesia é de uma "vagabunda"
que ama balburdia e vive de ensinar
essa é nossa sina, artista sem glamour a falar

Meu coração tem sido quebrado
em tantos pedaços quantos as vezes que surto
choro, piro, grito nesse quarto vendo tudo
sem poder quase nada fazer,
só um amanhã melhor
profundamente, querer


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