domingo, 24 de setembro de 2017

"Venda"

A arte na parede não enfeita
em parte, ela rejeita
sua carteira, sua definição
seu ego e conceito de belo
como o picho naquele parede
onde se lê sobre o que se expele
sobre o que arranha a garganta
e geme, como um soco do pm
na cara do moleque em frente



Mesmo o quadro multicor
que você aponta e diz que é belo
foi uma encomenda à um pintor
paga com prata ou louvor
e só isso na mente, meu caro senhor
Não seja tolo em achar
que toda genialidade nessa parte
não tenha um preço pra ser "arte"
mas no final tudo se copia
virando estilo, influência e classe



Só que agora tem um povo
que gosta de clamar os louros
sobre o que fica no painel
o que entra e sai na luz do sol
que podem dançar alguns poucos
que podem experimentar os outros
um povo que mal sabe das quebradas
dessa tal de arte, dessa tal de liberdade
que nem o caminho para uma exposição
sabiam antes de ver a tal da "maldade"



Sinceramente,
a poeta não sabe se chora
ou se ri sem demora
Porque até os versos dessa que escreve
foram punidos com rótulos e insensatez
ou não sabias que agora decidiram
que fazer da poesia algo mais que floreio
dizem por ai não me torna uma autora
agora me sinto uma marginal escritora
já que aquilo que trato com tanto esmero
pouco tem valor pra esse povo
que quer uma fogueira a cada berro



Vendados estamos,
afinal porque que não vemos
O preço que colocam em nossas cabeças
a mordaça que agora desce a ladeira
e chega a porta do museu, do palco
até na beira da escolar carteira
onde da ponta do pincel a caneta
nos movimentos de mãos e na cena feita
somos escravos dessa tal "venda "
então me entristeço e aqui escrevo
pelos que caem de joelhos, calados e presos
enquanto da lâmina da censura nada escapa
e o que fica, não expõe e denuncia
só serve para decorar sua vista 



Imagem: Painel produzido pela artista VR (Vanessa Rosa) com o tema Violência contra as Mulheres



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