terça-feira, 28 de fevereiro de 2017

Aos pés de Moxuara

As vozes da floresta chamam
Por um canto lamurioso que nos narra
Pelos umbrais do passado percorridos
Das matas desbravadas e índios abatidos
Vidas perdidas em busca de lar a conquistar

Assoviando vens a esta terra chamando
Em tuas vestes brancas uma historia nos contar
Do nosso lar, nossas lendas a nos relembrar
De como um frade uma guerra parou
Ao mover uma rocha, na qual para sempre se sentou

Vens a cantarolar sobre os incêndios findados
Daquelas que pelas folhas a rastejar, o verde protegia
Cobras que ao fogo enfrentavam até apagar
Daqueles que pela escravidão não podiam celebrar
E suas faces com palha de bananeira tinham que ocultar

A luz do dia surge e já os sinto desvanecer
Só resta ao meu pássaro de fogo voar
E nas tuas mensagens entre o sol a me contar
Sobre um amor proibido e verdadeiro enfeitiçado
Sem toque ou fala, sob pedra confinados

Nesta canção de seres encantados
do pretérito momento de um povo a recobrar,
Eu como poeta, neste verso me revelo
Como Filha de Cariacica e dessa fonte me inspiro
na beleza dos contos, dessa terra de lutas sem par.




"Participei em 2016 com este poema do 4º Concurso estadual Semente Literária -  João Bananeira, sendo uma das 95 selecionadas ao final, sendo publicada ao final no livro de mesmo nome do concurso. Foi uma experiencia muito bacana, porque nunca havia escrito nada sobre a cidade em que nasci e cresci, o que me levou a pesquisar e ler um pouco sobre mais sobre as lendas e folclore daqui: suas criaturas fantásticas e sobre lugares cheios de magia e histórias.."




terça-feira, 7 de fevereiro de 2017

Distintos, mas nunca separados




"Lobo: Ovelha, conte uma história
Ovelha: Houve outrora, um homem pálido com cabelos negros que estava muito sozinho
Lobo: Por que estava sozinho?
Ovelha: Tudo que existe, precisava encontrar esse homem, então, afastaram-se dele.
Lobo: Ele persseguiu tudo?
Ovelha: Ele dividiu-se em dois com um machado… bem ao meio.
Lobo: Para que ele sempre tivesse um amigo?
Ovelha: Para que ele sempre… tivesse um amigo."









Quando um jogo formula na história de um personagem uma poesia tão límpida, capaz de cativar e ficar sob minha pele. Não são versos meus, mas trechos da construção narrativa de um herói de mundos irreais tão sutil e e cheio de profundidade, capaz de arrastar para dentro de seus diálogos pessoais: a ovelha e o lobo. 




"Kindred é o abraço branco do nada e o ranger de dentes no escuro. A caça e o caçador. O poeta e o primitivo; eles são um e são ambos"






segunda-feira, 6 de fevereiro de 2017

Nessa data que chegamos

Cada dia a qual você se levanta e consegue cumprir algo que planejou você obtêm uma pequena vitória. Mais um dia de aulas vencidos, mais um turno no trabalho finalizado, mais um capítulo daquele livro que esta adorando lido. Entender a relevância dessa máxima não foi algo em um estalar de dedos: foi algo que construí na minha mente ao longo de 27 anos nesse mundo maluquinho em que vivemos.

Não tenho casa própria. Não sou casada, muito menos uma cozinheira perfeita. Nunca ganhei grandes salários. Não consegui passar nos últimos concursos que fiz. Ainda não cheguei ao mestrado, mesmo que isso seja um objetivo. Mas me sinto plenamente realizada, o que alcancei até agora. 

Hoje é meu aniversário e apesar da guerra civil lá fora. Apesar de eu estar quase sem grana no momento e provavelmente não receber nenhum presente hoje. Eu estou feliz. 

Sou Idayana Maria Borchardt Leite. Pedagoga, estudante de música, escritora, filha do Antonio e da Teresinha, irmã do Wilhans, Jaqueline e Breno. Quase na minha terceira década de vida. Ainda viva. E ainda cheia de sonhos e planos. 


Feliz Niver pra mim XD