Minha pele é minha tela
Minhas formas, meu contorno
Relevo de quem sou,
parte que movo, não só um dorso
parte em que vivo
por onde respiro e grito.
Meu corpo é meu santuário
mas também meu sarcófago
meu casulo e asas em um só
meu corpo é mais que um templo
és parte ínfima de um todo
no que tange meu íntimo
Das pontas ressecadas do cabelo
já sem tanto brilho
as leves marcas escavadas na face
quando rio
meu corpo que guarda meu espírito
os sonhos que estimo
Meu corpo que reverencio
onde a memória tal como labirinto
esculpida em mim entre atritos e risos
entrelaçando cicatrizes e furos
tatuagens e mundos
sob as sardas e marcas que o dia-a-dia traça
Minhas pernas que me sustentam
que me erguem e a todo lugar levam
meus braços que se entregam e carregam
meu corpo que sente, desde o ventre
que inflama-se com um beijo
extasia-se em pleno desejo
Meu corpo que sangra
que dança, que clama
da boca que devora e canta
a voz outrora renegada, que agora ama
meu corpo que vibra em sinergia com a vida
meu corpo e só
Lindo poema.
ResponderExcluir