domingo, 26 de novembro de 2017

Corpo

Minha pele é minha tela
Minhas formas, meu contorno
Relevo de quem sou,
parte que movo, não só um dorso
parte em que vivo 
por onde respiro e grito.

Meu corpo é meu santuário
mas também meu sarcófago
meu casulo e asas em um só
meu corpo é mais que um templo
és parte ínfima de um todo 
no que tange meu íntimo

Das pontas ressecadas do cabelo
já sem tanto brilho
as leves marcas escavadas na face
quando rio 
meu corpo que guarda meu espírito 
os sonhos que estimo 

Meu corpo que reverencio 
onde a memória tal como labirinto 
esculpida em mim entre atritos e risos
entrelaçando cicatrizes e furos
tatuagens e mundos 
sob as sardas e marcas que o dia-a-dia traça 


Minhas pernas que me sustentam 
que me erguem e a todo lugar levam 
meus braços que se entregam e carregam
meu corpo que sente, desde o ventre
que inflama-se com um beijo
extasia-se em pleno desejo 


Meu corpo  que sangra
que dança, que clama
da boca que devora e canta
a voz outrora renegada, que agora ama
meu corpo que vibra em sinergia com a vida
meu corpo e só 




Um comentário: