domingo, 3 de dezembro de 2017

Que este não seja meu último poema

Que este não seja meu último poema
pois o coração anda cansado
mas ainda pulsa 
pois a respiração por vezes ofega
 não da forma sensual que se espera
ela falha, aceleradamente me escapa 
porque a vontade de fazer rima
rema contra a maré de ansiedade
brota pelos dedos, rumo a ponta do lápis
e dentro da fumaça que verte pelo quarto
do incenso fumegante a vela que arde
afinal é o que dizem dos que escrevem
que o fio que nos mantém na sanidade
é fino e feito de tinta ou grafite
medindo-se em milímetros e palavras 
aforismos que muito de nós guarda
então eu clamo, em breves linhas 
como prece que disfarço de poesia aqui
Que este não seja seu único poema 
que está ai agora a esboçar enquanto ri
ou quando choras escondido, sozinho
quando acha que não a razão para se abrir
que este não seja nosso único poema
quando eu estou a ponto de cair
e só você me segura e confronta
mandando enxugar as lágrimas e prosseguir
Que este seja só o primeiro poema
de tantos outros que nós 
haveremos de juntos construir 
já que de fato se leu cada verso até aqui
uma parte de mim, já vive por ai 
dentro de ti. 


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