quinta-feira, 28 de junho de 2018

Mas.. Mas... Mas.

Você acorda. Toma café correndo, se arruma e vai pra aula. Não são nem 7 da manhã ainda.

4 horas em uma sala, cabeça tendo que funcionar, mente minimamente atenta ou o sono vem.
Olha o relógio, vê que pra dar tempo de almoçar tem que sair antes da classe. Levanta com a bolsa na mão, a/o professor te encara inquisitivo... mas não dá, ou vc come, ou fica até meio dia na classe.
Restaurante Universitário, sem fila.. Ufa! a comida não anima, nem da vontade de comer. Mas sem grana pra almoçar em outro lugar, só resta isso mesmo. Pega pouco pra não desperdiçar.. acaba comendo quase nada, mas olha o relógio e vê que precisa ir pro ponto. O ônibus pro estágio já vai passar.

Corre pro banheiro, troca a blusa preta pelo uniforme branco com o logo da escola. Largo, sem graça, "unificador". Corre pro ponto, o  ônibus passa cheio. Vc entra e vai se apertando. Encosta onde dá pra segurar e tenta desligar a mente ouvindo musica no fone. Pega transito, sabe que vai atrasar. Salta e anda rápido até a escola. Cruza atrasada minutos pela Pedagoga que te olha em cima e baixo.

6 horas no estágio. Faz isso e aquilo, corre de um lado pro outro, responde as mesmas perguntas sem nexo da pessoa que trabalha diretamente consigo. Ajuda uma criança, le com a outra. Corrige pilhas de livros e papeis. A mente ta cansada, a cobrança cansa, exauri a cabeça. Mas.. é o que tem, é o que preciso. O aluguel não se paga sem algum salário. Só resta respirar. Estuda no canto da sala quando dá, faz listas nas agenda do que não deu conta pro dia. Lembra de um trabalho da faculdade que nem começou ainda a escrever.


A noite chega, mas.. não da pra ir para casa ainda. Ensaio, cobrança do maestro estressado. Colegas que cantam ao seu lado que não seguram a língua e vivem falando gracinha na hora errada. Não deu tempo pra comer antes de ir pra la, o corpo pede sono e cama, a fome faz a voz falhar. A vontade é pegar a bolsa e sumir dali quando houve a terceira ou quarta "grosseria" do dia.


Vc chega em casa, mas ainda não pode descansar...  pilha de louça pra lavar, pilha de coisas da faculdade pra estudar. Pilha de preocupações a se acumular. Cabeça cheia, vontade de chorar. Vai fazendo o que dá até a mente não responder mais. Vc pega o celular e procura aquela conversa, com aquela pessoa que te traz sorrisos. Aquela pessoa que acha que nutre algum afeto por vc. E novamente ele está me ignorando, ou sendo ácido, ou sendo frio. Ou jogando na minha cama "Mas não estamos namorando". Jogo o celular longe na cama, as lágrimas vem e agora, não preciso mais segurar. Só choro. Pelo dia de merda, pelo cansaço, pelo trabalho que não sei se vou terminar e mandar pra professora a tempo. Pelo meu sentimento tratado como lixo. Por não se sentir em nada, especial.

É tão "legal" quando me dizem: "Nossa, vc faz música, que lindo!" "Deve estar tãooo feliz de fazer a faculdade que queria". "Vida de universitário é moleza, só estagia e estuda"

Não, estudar e trabalhar não é um paraiso. Eu não vivo na lama bebendo de segunda a domingo. Mal encontro um horário entre os dias de trabalho, estudo e estagio pra ver meus amigos. Minha casa vive um caos pq não consigo parar aqui e limpar. Minha unica tentativa de relacionamento amoroso se resume a ser tratada como lixo. Não tenho grana pra coisas simples, tipo descer agora e comprar um lanche pra eu comer.


Isso é a vida real de um universitário que não ganha grana dos pais, mora sozinha e tem jornada tripla.

Bem vindo a realidade "abiguinho"

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