quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

Andrômeda Acorrentada

Atada ao quebrar das ondas, 
sacrificada  a fúria de Cetus
contempla teu destino inexorável, 
Oh filha de Cefeu!


Rigorosa é tua punição, princesa da Etiópia 
pela audácia de tua rainha mãe, agora choras
Este é o designo por ser comparada as filhas de Nereu, 
Para Poseidon acalmar, acorrentada aos mares será. 


Perecerás nas lágrimas de Cassiopéia, 
e na espuma do oceano que toca as rochas
devorada por esta fera, cessará teu riso e pranto
Para teu reino retomar a paz, a morte encontrarás


Mas através das nuvens, a voar no horizonte
surge infante criatura alada, com um jovem a galopar
E vendo a virgem sucumbir nos confins do oceano
Perseu, ergue tua mão e batalha para a libertar


Poderosa era a magia de sua arma recém conquistada
E obre o olhar da Medusa derrotada
O monstro marinho em pedra se fez
E com um golpe certeiro por tua espada, o herói triunfou

Livre do sacrifício das ondas, se regozijou 
E a donzela pelo filho de Zeus se encantou
Apaixonados, enfrentaram a teu antigo noivo
Para defender o seu novo amor, 


Petrificado, cai Phineus e o casal uniu-se enfim, 
E quando a morte a princesa veio a buscar
Por Atena, levada as estrelas ela se foi ternamente
E no firmamento estrelado, a Perseu reencontrou. 








segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

L'appétit vient en mangeant.

Queria eu, que estes fossem os últimos versos que escrevo
com você em minha mente, em minha inspiração
mas lamentavelmente, esta versão fraca de mim mesma
ainda não consegue, não sabe como exatamente, te anular

Assim, ainda fraquejando e protelando, escrevo...
talvez numa esperança tola que as minhas palavras te alcancem
mesmo que no fundo eu saiba, que  tanto faz
afinal, só era um papo interessante e nada mais


Então, ainda escrava das vontades que guiam 
as mãos que tocam as letras e finalizam essas frases tolas
Erroneamente me exponho em momento e desatino
sobre a noite mal dormida que há de começar: I miss you...




domingo, 27 de dezembro de 2015

Essere a portata di mano

Não me pressione, pois eu vivo contemplando o abismo e domando a tempestade. 
Não farei nada fora do tempo certo, seguirei as correntes do momento.
Um passo de cada vez, é isto de que preciso. 
Ainda busco minhas flores e meus agoras e amanhãs, mas há um tempo certo para isto. 

Cativa-me e, talvez, possamos olhar na mesma direção em algum momento
Se partes, não me esperes. Não tenho vocação para seguir em vão
se me chamas, com zelo e alento, talvez eu te busque, talvez não
Sou imensidão, chama e rompante: desolação e fúria, riso e pranto

Toca-me com sinceridade e vigor, sem receio ou culpa
só venha e fale, fujas e acabará por hora: me encontre 
Nós, versados em corpos que nunca nos pertenceram 
seguimos atados, solitários, cada qual em lado. Ainda separados 




quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

Sobre os umbrais do ano que termina

Toma tuas vestes que já não usas, que não cabem
e encontre um novo destino à elas
faça o mesmo aos sapatos gastos e deteriorados
de tantos passos dados em 365 dias passados
desfaça-se do que não cabe, do que não mais te agrada


Organiza teus livros, limpe-os, sinta-os,
reposicione, reorganize: a estante, a mesa, o coração
Quantas histórias belas deixou de aproveitar
porque estava escravo de protelações e do ócio
toma aquele café forte, levante da cama que lhe suga
dispa-se da preguiça que domine: é momento de começar


Tire a poeira da quarto, da sala, da mente
metas: anote-as, refaça-as, anule-as que já foram
já não passou de hora de terminar algo?
reflita sobre o que passou, é experiência
o agora, e os amanhãs que estão para vir
onde está aquela canção rabiscada, esperando a conclusão?


Venha, sente ao meu lado, toma uma gole
o café foi recém passado, a mesa logo será posta
A fartura de agora é a premissa da falta que chegará?
Ou a dúvida hoje é só um caminho para uma resolução
Não, obrigado, não aceito um trago.
Sirva-me uma porção pequena de esperança

Porque o ano está a acabar...



segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

So far away

Lá adiante ou passos atrás

para além da névoa do que se passou
onde já não posso tocar com as mãos 
onde meus olhos já não encontram refúgio
perdeu-se uma parte de mim, ou algo assim


Lá, além do que posso alcançar

foi a lembrança, o topor
o engano e o encanto, calcificados
no concreto da frieza e rejeição
onde o vento irá incidir e um dia, virar pó


Lá, tão longe

foi-se o maculado momento, do erro estendido
do instante vivido, a todos os desejados
condensado, impresso sobre a poeira contra o solado
inerte, ainda desolado, mas longe, inalcançado


Lá, somente lá

em algum ponto entre o errado e o certo
entre o que foi ansiado e desprezado
sigo olhando a tela vazia e esperando, 
ainda esperando, o que já não será enviado.







domingo, 13 de dezembro de 2015

Incandescente Opus I

Nos confins do universo
as fadas comungam sortilégios e gracejos
sob a luz de milhões de estrelas. cantam
ao céu, ao ar, ao sangue que pulsa 
ao oceano astral onde a melodia se propaga 

Sobre o silêncio sepulcral 
na colisão do astro que morre
viajantes do éter reúnem-se 
nessa fogueira em torno de um sol
dançando anônimos os sagrados perdidos

Passageiros aprisionados sem concessões
Voltem seus olhos para de trás nebulosa 
traidora audaciosa, viciante encantadora
Viajantes que tocam e choram nesse universo
confinado entre os os olhos de um certo deus ancião



quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

Reticências

Um ponto solto no papel é tão somente um ponto, 
Ou uma perspectiva de nova frase?
E quando articula-se a outros dois, torna-se o que?
possibilidade indefinida; 

Entre vírgulas e vírgulas, 
vamos preenchendo parágrafos a esmo
que em conjunto, formam algo, atado
unido por pontuações e verbos, definidos

Contudo, ainda restam aqueles três pontos
no final de uma frase interrompida
e só resta apagá-los, anulá-los
para encontrar a resolução do meu próprio verbo amar.




quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

A gente vai se acostumando

A gente vai se acostumando:

Aos dias irem se passando e o celular não tocar
nenhuma mensagem ou  ninguém te procurar
As horas correrem e você desejar dormir
e não conseguir, e tentar e tentar
e daqui a pouco, já precisa levantar


Acostumando-se a café morno, refeição sozinha
A encher a tarde de coisas, para não pensar
e acordar e ver, que ainda não sente o porquê
O copo que não dá vontade de encher
A cabeça que não dá vontade de pensar


Acostumar-se a olhar no espelho e ver-se
e não gostar do que vê, ai para de olhar tanto
qualquer roupa serve, qualquer coisa serve
Quando nem mais a  música preenche o vazio
não há exatas razões para nada.. é só deixar pra la


Sem bons dias e boas noites
flores que jamais chegaram, sorriso fechado
vai, fica, volta, começa e termina
pará.. olha pro nada... e desaba
retorna, tentar e vai: sem sal, sem graça,, sem vida