quinta-feira, 14 de dezembro de 2017

As estrelas que me ouvem...

Sou um rascunho inacabado
de uma poesia rasa que me concebeu
emersa em danças de alegria
e estantes cheias de avaria, 
entre as quais meu eu cresceu
tantas vezes com medo adormecer
abraçando um ursinho ao orar baixinho
temendo o que poderia vir a ocorrer
sem saber como contar que doía

Deixando-se perder por dias, 
em histórias de luz e esperança
que nas páginas amareladas
eu pudesse cruzar a todos os mares  
transpondo o labirinto dos ventos
vencendo a todos os elementos 
com uma espada erguida nas mãos
e dormir enfim, em paz
sob as asas de um antigo dragão 

Dos meus desejos de infância
pouco resta a trazer a a realidade
pois descobri que a pequena leitora
em mim transformou-se em algo a mais
uma jovem sonhadora que vagarosamente
rescreve suas outroras tristes memórias
e aos poucos vai conquistando um laço
consigo mesmo, entre o agora e o sem fim
um espaço entre as estrelas e o além

Onde posso tudo esperar 
sem mais medo e frio a espreitar
onde eu sou suficiente, mesmo assim
mesmo que defeituosa e partida, que eu vá
entre um planeta, um menino e sua rosa
e uma constelação de canções de ninar
meu tear de poesia segue a criar 
minha tapeçaria de pequenos feitos 
que entalho no universo a me rodear 





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