Escolhi o giz e quadro negro
antes do pincel e lousa branca chegarem
escolhi a frente da turma
descobri que o dar aula
ia além de um livro ou palavras soltas
tinha haver com escolhas
com o abraçar coisas
como o ministrar para o hoje
sobre o ontem, agora e o amanhã
Eu escolhi sabendo dos percalços
o trabalho extra em casa
a reflexão constante sobre minhas aulas
os livros empilhados no canto do quarto
o testar, pesquisar, recriar-se
fazer errado, tentar, encontrar o certo
replicar, copiar, refazer, não parar
descobri a beleza do ensinar
Eu me vi, me transformando
questionando, mudando
das piadas infames deixadas para trás
ao olhar crítico permanente
desde uma lauda a uma imagem
escolhi os olhos brilhando dos meus alunos
ao aprender algo novo, escolhi suas risadas
e mesmo ao ser enfrentada, mesmo cansada
continuo a escolher a sala de aula
Eu me vejo na resistência
como todo educador deve ser
não sou a provedora de luz
para aqueles que não tem
me vejo como um farol a apontar
mares ainda a serem desbravados
transcrevo mapas de solos
ainda por eles intocados
trago letras, poesia, música e versos
E nesse caos contemporâneo
onde professores são massacrados
como vagabundos rotulados
me manifesto, me ergo e grito
eu existo, aqui permaneço
pois essa onda de ódio
não irá me silenciar
escolhi a roda, o livro, a voz
ser da luta sempre
Sou cor, arte, Paulo Freire
sou ritmo, congo, educação
pertenço as trincheiras
das minorias sou escudo
sou parte, sou gente
sou canto, coro, canção
sou uma colcha de retalhos
professora feita parte a parte
e assim, ficarei de pé, com meus irmãos
Resista e combata sempre o ódio com a arma mais poderosa de todas, o amor!!! Te amo, sou muito orgulhosa por ser sua segunda mãe, amiga e conselheira. ��
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