sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

Um passo de cada vez

Busco..
Porque a lacuna existe e a superfície não é o suficiente
Eu experimento, entrelaço, aprendo e me refaço...
ir dos céus ao mar
Da palavra ao número, do instante ao infinito
O conceito que se forma ou forma
Aprendiz do Significado


Construção em conjunção.... ao conhecimento internalizado. 



terça-feira, 27 de janeiro de 2015

Yggdrasil

Corre pelo freixo, Ratatosk
Alimentando os vis insultos, entre uma águia  e um dragão
Esperas ser mais que somente um esquilo encrenqueiro
Ou tomaste isso como missão,
para um pequeno falante sem reputação

Tecendo esta trama,
este enredo sem manha... ou  talvez mero devaneio
Niðhöggr persiste a roer as raízes,
Tentando derrubar, aquela que a todos sustenta e ascende
Enquanto Hræsvelgr, do alto plana e observa a passar
os olhos do senhor, negros a voar.

Nessa peça que se entrelaça
Equilibrando entre o que está por vir e o que se findou
A virgem, a mãe e a anciã vertem o hidromel em tuas raízes
 para que o verde permaneça, em tuas folhas, com ardor...
E entre seus ramos, protegidas e escondidas
Presente, passado e destino.. somente observam os guerreiros a batalhar


Enquanto mais um dia, em direção ao Ragnarök, está a se fechar.

segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

Imensidão


Olhe para você.. tão preso a esses degraus.. lacunas...
Tão difícil..não completamente entregue... não completamente em lugar nenhum
Nem tão somente frio... tampouco evidentemente presente
Atado ao passado...vislumbrando um estranho futuro fisicamente distante..morno..cinza
E claro que eu temo. Sou tão diferente do que te rodeia.. vejo você voltando seus olhos para trás e buscando uma outra imensidão:  uma outra paisagem tão diferente da dentro de mim
Ou na verdade, não há verdade neste cenário e somente, mais uma ilusão delicadamente e desnecessariamente construída sobre esse castelo instável de cartas que é essa tal realidade.
Não há como saber... certezas se vão como a poeira.. ou como as palavras que apago e já não utilizarei nesse discurso
Sem promessas ou confissões.. morno.. cinza.. incompleto.


domingo, 25 de janeiro de 2015

Tolo é aquele que busca saciar sua sede em poço seco. 
Onde a terra a sua volta já não floresce... 
onde a água já não flui e já não  preenche as mãos que a buscam...



sábado, 24 de janeiro de 2015

Mulheres de incenso e prata

Não somos pinturas estáticas que adornam a ambientes...
ou arranjos de flores, vistas como somente enfeites à vasos 
Não somos meninas do sol e do ouro.
Somos mulheres de incenso e prata.. 
Advindas do brilho da lua e da madrugada, 
Somos filhas da poesia e dos acordes da fantasia.
Senhoras dos nossos passos, recusamo-nos ao rótulo de ornamentos. 
E tomando o hoje como um papel a ser dobrado,
clamamos a Hecate, senhora das chaves, 
que o Tsuru moldado entre nossos dedos e ganhe voo, 
rumo ao futuro que ansiamos 



sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

Um desabafo de uma filha a um pai agressivo

Um desabafo de um filha a um pai agressivo


Faz exatamente 6 anos desde aquele dia. O dia que eu perdi a fé no senhor. O dia que eu deixei de ter aquele amor incondicional e intocavel por vc.

Faz 6 anos que me agrediu, bebado, me arrastando pelos cabelos dentro de nossa casa. Faz 6 anos que eu publiquei uma mensagem em uma rede social pedindo: POR FAVOR, preciso sair daqui, preciso de outro lugar para morar.

A piada da vez.. é que vc esqueceu que vc me espancou aquele dia. Vc esqueceu que me humilhou. A bebida apagou tudo: VC só se lembra quando levantamos a voz para o senhor, quando não permitimos que fique com suas doideras e disparates de bebado.

Sua vida tem sido isso, não é? Ofender a todos, desrespeitar a todos em um momento. E no outro, fazer uma coisa ou outra pela casa e achar que isso conserta todas as merdas que vem se arrastando. Pois é.. não conserta.

Não te perdoo. Essa é minha escolha e eu te avisei. Voce viu todas as vezes que nossa mãe nos torturou, espancou, ameaçou, destruiu por dentro e não fez NADA. E agora, depois que ela já se foi, depois de certa idade,acha que o fato de ser idoso significa que permitirei que me ofenda e agrida novamente? Faça-me o favor...

A parte mais engraçada é que jamais lerá isso. Porque não se interessa por nada que eu faça. Jamais me viu cantar. Jamais comemorou minhas vitorias ao meu lado. Nem ao menos sabe que eu escrevo e que sonho em publicar um livro.


Eu te dei chances. Eu voltei para cá sabendo que podia voltar a ocorrer.
Mas me entristece mais saber...Que não posso lidar com isso sem querer chorar e sem desejar
desaparecer de vc novamente. 

quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

Por toda a noite

Por toda a noite

Venho procurado o toque aveludado de sua pele, buscado o aroma cítrico de tua presença...mas somente emaranhados de lençóis bagunçados e vestígios de incensos queimados  me rodeiam e abraçam na escuridão.

Aos meus pés, as páginas semi escritas, jazem cobertas de confissões a meia voz... 
palavras de um desejo intenso e dominante, se encontram amassadas  e descartadas... como as pétalas caídas de um buquê deixado de lado, o que restará de um sentimento não recíproco.

Batidas forte no meu peito se confundem a minha ofegante respiração, se misturando aos sons da madrugada adentro. Meus dedos correm meu corpo e unem-se aos meus lábios entreabertos..esperando um toque perdido, um encontro a ser concretizado.

Somente o vento faz-me companhia silenciosa nesse momento de ilusão e devaneio, em que almejo entrelaçar meus dedos aos teus, conjurando uma carícia doce e perturbadora.. uma tentação capaz de me sugar para onde minhas carícias e palavras ocultas me arrastam e consomem.

Um lugar em que incensos ainda ardem, e meu corpo ainda mistura-se ao teu nesse leito.. por muitas noites e serem partilhadas...



terça-feira, 20 de janeiro de 2015

Como se liberta o verbo?

Como se liberta o verbo?




Eu tenho procurado as palavras certas,
Porém, como se vence o silêncio?
Eu tenho vacilado e me acovardado...
Mesmo tendo escolhido minunciosamente cada verbo.  
             
Eu tenho fraquejado, porque temo, o que virá depois do que deve ser dito
De que forma se transmite aquilo que nubla teus pensamentos..
A melodia vêm a mente, conduz em passos hesitantes
te envolvendo e confundindo... te fazendo acreditar que andar sobre o muro é uma opção a se seguir

Você deseja se expressar, contudo, somente as reticências são discerníveis na bagunça mental
Palavras que jamais serão ditas se convertem em aros de espessa corrente que te suprime.
Complexa tarefa esta, a de direcionar a angustia e libertar a palavra,
ao mesmo tempo em que se oculta a inspiração e o sentido da tempestade.




segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

Toca-me





Toca-me gentilmente,
Como a luz da lua que banha os amantes em êxtase
sem no entanto revelá-los aos olhares desdenhosos alheios
Como a folhas que caem dos galhos, 
mas não ferem as faces infantis que acompanham seu despencar
Como as gotas da chuva que tombam do céu e trazem vida ao solo,
numa harmoniosa queda de esperança sobre a relva..
Toca-me assim... para que possa retribuir teu toque com a mesma cumplicidade e designo...
deixando um pouco de mim e tomando um pouco de si,
tocando-te como gostaria que me tocasse..
Amando-te como almejo que me me venha a amar


mar.

domingo, 18 de janeiro de 2015

Delicada inquietação



Delicada inquietação


Doce é o canto silencioso dos amantes ainda não unidos
Aqueles que seguem em serena contemplação,
fitando um ao outro, enquanto a harmonia do encanto se compõe.

Ansiando por um esbarrar sutil, 
planejando um convidativo olhar.
Entrelaçando expectativas e sinais...

Ensaiando consigo mesmo esboços de palavras a serem ditas...
Amando sem outrora haver tocado, 
cantando uma canção ainda a ser escrita.






sábado, 17 de janeiro de 2015

Mnemosine

Mnemosine 


Apaga os sussurros que me tentam
Arraste estas imagens de aflição para o vazio 
Permita-me substituir o clamor

Ah Mnemosine, deixe-me sonhar com dias de luz e paz
Permita-me abraçar os portões de mármore 
e implorar a Morfeu para que o passado seja arrancando às trevas. 

Mesmo que as cicatrizes sejam profundas e tristes, 
Mesmo que nada haja além de sombra e culpa
Oh antiga musa, liberte os escombros das minhas memórias 
e forneça a plenitude requerida para a reconstrução 

Sim, minha doce titã,
que eu possa escapar dos braços de Melpômene
E que Tu, somente tu, Mnemosine...
me presenteie com o véu branco do recomeço,
 Onde eu possa bordar os novos anseios
 e desejos.. que aqui rogo que sejam trazidos para mim.

sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

Fenix contida



Fugaz, enjaulado pássaro de asas arrancadas
Fadado a observar a felicidade alheia,
Lembras de quando outrora renegaste a liberdade, por um punhado de pão?
Migalhas, servo desolado, é só isto que buscas-te .
Quando furtaram-lhe tuas asas, o que almejava, além do brilho coral da tua última joia.
Repentinas paixões viciantes e brilhos perolados incessantes...
Afoga-se no teu sangue, pássaro enclausurado... e volta a viver.
Esperas, esperança, entoa, essa última dança
Que há de recomeçar.