quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

Deixe-me estar


No hoje que amanhece ainda cinza
Percorro o viés do nascer do sol perolado
no corpo que repousa ao meu lado
Adormecido e embevecido
ternamente entorpecido
No vinho, no suor, no amor, na dor


Na lembrança atada ao desejo reprimido
de algo, parte do passado, ainda vivo
na vontade de perder-se
em caminhos já percorridos
 a beira da razão e da emoção
embebidos da sua própria canção


No leito já não mais visitado
dos beijos renegados e fortemente
desejados, eu espero e espero
o retornar do convite, da ânsia
da tensão antes do encontrar-se
do toque da pele nua ao revelar-se. 



terça-feira, 19 de janeiro de 2016

La Belle et La Bête

Dois corações solitários, presos e atados
a destinos infelizes e em fel maculados
ao príncipe cativo e amaldiçoado
em pele de animal teu corpo foi confinado


Em seu castelo encantado, outrora belo
e animado, agora repousa a treva e frio
Tal como os olhos do antes príncipe
agora, uma Fera abominável


Pela penumbra do castelo, uma sentença fala
"Uma rosa por uma vida" a voz declara
um engano pelo furto de uma flor criado
ao comerciante que a filha iria presentear


Agora ao pai desolado que ao lar retornou
para os acontecimentos a todos contar
Vê diante de si a jovem Bela chorar  
decidida ao lugar de seu pai  tomar


No meio da floresta, perdida em sortilégios
Em pedra forjada e por espinhos recoberta
um fortaleza é encontrada e pela menina
segue a ser desbravada manhã a manhã


E diante de uma majestosa mesa posta
Toda noite, criatura e a jovem encaram-se
mal sabendo que o amor ali nascerá 
e um certo feitiço antigo irá quebrar.














segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

Sob os pés de Bronze

Aqui nas florestas do monte Cerineu
mal tocando o solo, corre sem exitar
Minha bela corça dos pés de bronze 
velozmente avança sem ninguém a tocar


Esguia criatura dos chifres dourados

ninguém jamais irá a afugentar
Bela serva a mim consagrada 
da minha morada da Lua sempre vigiada


No templo do sol lhe dei morada e zelo

sob a mira do arco que ergo em apelo
deslizando mal tocando o solo, assustada
novamente acuada pelo infame filho de Zeus


Por sua afronta e desalento, fora subjugado

e a doze tarefas amargas, condenado
agora persegue meu animal encantado
buscando a redenção do antigo assassinato


Incansavelmente, a corça  fugiu sem cansar

e por um ano,  Hércules  a viu dele escapar
pelas terras helenas, disparava sob os cascos
e indo além das montanhas a retumbar 


Mas já exausta de grande caça, reduto ela buscou

minha corça nas águas do Rio Ladão tombou
ferida por uma flecha que enfim a alvejou
E sob seus ombros,brevemente a carregou


"Tua impertinência é inaceitável, Oh filho de um deus! 

pensas que este cervo é algo banal e não sagrado? 
Liberte a minha Taígete, minha bela amiga
que por teu pai, outrora,  já muito ferida e perseguida"


Atordoado com minha interrupção, paralisado ficou

interrompendo teu passo largo, ele à mim se curvou
e cheio de respeito e prontamente designado
tua história de tristezas e conquistas me narrou


A mim, Deusa Caçadora, um pedido foi feito

ao Palácio de Micenas vivo o animal será levado
e depois que fosse visto, por ele libertado 
 ao seu reduto na Arcádia, retomado, 


Sob a benevolência dos céus que guiam

e o olhar vigilante do meu irmão que me clama
ao homem prostrado, com piedade o acolhi
 e para sua campanha, o observei partir


E para o abobada celeste. voltei para descansar

No meu leito virginal, as estrelas contemplar
porque no brilho do céu noturno em breve
com um certa antiga ninfa, irei reencontrar

















Inconclusivo

Buscavas o além
O intocado, o irreal, o não comentado
No entanto, precipitou-se ao ignorar
O universo ao seu lado.
Como podes penetrar as penumbras da alma humana,
Ou desbravar os covis mais profundos do desespero alheio
Se não consegues mais, colocar um pé diante do outro,
E levantar-se do seu leito? 


sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

Raposa encontrada

Vem em passo delicado, sutil caminhar pata a pata
criatura da noite e dia, elegante fera comedida
arisca, em caçada está, ao verão que começa já

Na presa que busca, aprimora tua investida 
a mover teu corpo sinuoso, cerca tua presa viva
infere e salta, arremete, submete e recolhe

No frio que se ergue, nasce e regouga o filhote 
a cria que nasce antes do verde  florescer
a família recém unida, protegida na toca escondida

E quando a primavera desperta ao jovem ser 
ainda pequena raposa, segue teu transformar-se
para teu reduto deixar e sob sol, em breve caçar

Sozinha agora, o outrora protegido animal
aos teus pais irá deixar e seu caminho trilhará
pois a neve cai lá fora, e a família agora, se desfaz. 

És assim, somente uma predadora solitária, 
unida brevemente a outro para nova vida trazer?
ou é natureza mostrando-nos livres para seguir outra vez?







quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

Sobre o hoje...

Vivemos de conexões, 

Com os alimentos que ingerimos, com as palavras que pronunciamos e principalmente com as sensações e sentimentos que carregamos em nosso peito e mente. 

Em muitas culturas, é mantida a reflexão que atraímos para nós energias negativas quando ficamos persistindo em situações ou pensamentos negativos e degradantes. E que em contrapartida, conseguimos lidar melhor com cenários problemáticos quando mantemos nossa postura positiva, nos enchendo de energia pacífica e benéfica, procurando formas menos caóticas de confrontar pessoas ou emoções.


Deixar o conflito perder sua força não é sinal de covardia ou despeito, em muitos momentos é uma forma saudável de deixar a energia negativa fluir para longe das pessoas e esperar um momento de retrocesso da raiva para seguir em frente. 

As vezes, é necessário recuar um passo para avançar dois e ter consciência que você não pode ir contra as leis do destino: certos momentos são inevitáveis, não adianta martirizar-se pensando: devia ter feito isso ou aquilo, falado isso ou aquilo ou não devia ter conhecido tal pessoa. 

Os encontros e desencontros aconteceram, você desejando fortemente isso ou não. A consciência que suas ações e reações só vai até certo ponto: o universo retorna a você tudo que recebe de você, como isso será refletido é algo que nenhum individuo pode determinar.


Abaixo, deixo de forma resumida as leis da filosofia hermética que muito tem me auxiliado nos últimos anos, ao lado de outros estudos e leituras minhas:

Lei do Mentalismo"O Todo é Mente; o Universo é mental."
Lei da Correspondência - "O que está em cima é como o que está embaixo. E o que está embaixo é como o que está em cima"
Lei da Vibração - "Nada está parado, tudo se move, tudo vibra"
Lei da Polaridade - "Tudo é duplo, tudo tem dois polos, tudo tem o seu oposto. O igual e o desigual são a mesma coisa. Os extremos se tocam. Todas as verdades são meias-verdades. Todos os paradoxos podem ser reconciliados "
Lei do Ritmo - Tudo tem fluxo e refluxo, tudo tem suas marés, tudo sobe e desce, o ritmo é a compensação"
Lei do gênero - "O Gênero está em tudo: tudo tem seus princípios Masculino e Feminino, o gênero se manifesta em todos os planos da criação"
Lei de causa e efeito - "Toda causa tem seu efeito, todo o efeito tem sua causa, existem muitos planos de causalidade mas nenhum escapa à Lei"





sábado, 9 de janeiro de 2016

A complexidade do coração que bate

O que nós somos
se não microuniversos em expansão 
massas intensas e fervorosas de sensações
sentimentos, experiências e contradições
valores atados a nossa alma, constantemente
postos em provação - tal como nossa sanidade


O que nós sabemos 

se não que tão somente somos dúvida e vontade
mescla de ânsia de ir e ao mesmo tempo ficar
se pertencer e não pertencer, a algo ou alguém
ao acaso, nós entregamos ao destino e discordamos
da crença em ser, em alcançar, em construir


O que não encontramos

nesse oceano de estrelas e astros dentro de nós
são nossos reais sentimentos - abandonados a esmo
presos a unilateralidade da confiança que somos
o suficiente... ledo engano fatal de mais uma alma 
corrompida por um excesso pouco eloquente de si.


Presos estamos 

a ignorância que antes de expandir-se ao céus
a todos os lados, extremos e superfícies
é preciso conhecer a fragilidade em seu interior
 não para nós preenchermos de mais 
de nós mesmos - mas encontrar o que nós mantém.


Por enquanto seguiremos

não menos confusos como outrora, 
ou receosos, por jamais alcançar o suficiente de algo
mas conscientes do medo, da tempestade que cai lá fora
ouvir o som da chuva e não tremer mais com os trovões
e só seguir, como a água que escorre pelo vidro e nada mais,







quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

Sobre o ontem e talvez o amanhã

Em meus sonhos sigo visitada
por ânsias de proteção não convidadas
e incomodas reverberações da realidade
certamente não desejadas... ou talvez sim
não sei mais, pois quem convido a meu leito
aqui não realizo morada, dos sonhos aos cantos
ou mesmo a própria alvorada, tal como levanto
Tal como me deitei na noite anterior, cansada.


Quando o sol se põe no horizonte, a força vêm
avante e ligeira, erguendo-me em sobressalto fugaz
e na tempestade momentânea de força e contento
a noite se esvai em ritmo veloz, nas vontade de ser
estar, fazer, falar, compreender... e assim, tal apito
raio ou centelha, o noite vira dia e o sono também
no nascer da manhã, repouso num leito bagunçado
E abraço pequenas fagulhas de sonhos não planejados. 

domingo, 3 de janeiro de 2016

Indicação - desafio de leitura

O "Som das Estrelas Caídas" tem sido o canal de divulgação do meu lado poetisa, de modo que basicamente os textos que posto aqui são da minha autoria.. fora um ou outro fragmento de música que acabo por compartilhar. Entretanto hoje, queria divulgar algo muito interessante com o qual tive contato pelo facebook: Um desafio de Leitura!

Sou extremamente fã das obras do Edgar Allan Poe e a ideia é bastante bacana: 12 meses para ler 12 contos não tão conhecidos dele. Para aqueles que trabalham com educação, pode ser uma atividade extra bastante criativa para propor aos seus alunos!!


Abaixo, segue um site onde há as orientações sobre o desafio e um link para baixar todos os contos!
Já comecei hoje e estou lendo o primeiro conto, Metzengerstein.:

http://anna-costa.blogspot.com.br/2016/01/desafio-de-leitura-12mesesdepoe.html